A guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), em negociações de paz com o governo de Gustavo Petro, anunciou um “bloqueio armado por tempo indeterminado” em uma região carente do noroeste da Colômbia, apesar da trégua bilateral de cessar-fogo em vigor desde agosto.

Em um comunicado público divulgado nesta sexta-feira (9), a frente de guerra ocidental dessa organização proibiu a circulação e a atividade ao longo dos rios San Juan, Sipí, Cajón e Calima, no departamento de Chocó, com população majoritariamente negra.

O “bloqueio armado” entra em vigor “a partir da 00h do dia 10 de fevereiro deste ano, com o objetivo de preservar a vida e a integridade da população não combatente”, indicou o ELN.

Os rebeldes justificaram a ação armada pela “presença do paramilitarismo (…) em complacência com a força pública” na região.

Depois de questionar a suposta inação das tropas ante facções de extrema direita, o ELN pediu à população civil “que se abstenha de se deslocar para evitar incidentes”.

O anúncio se dá em meio às negociações de paz entre o governo de Petro e os rebeldes, em Cuba, nas quais concordaram em estender o cessar-fogo até agosto.

Em armas desde 1964, o ELN conta com uma força de cerca de 5.800 combatentes e uma ampla rede de colaboradores, segundo a Inteligência militar. Embora tenha um comando central, suas frentes são autônomas no campo militar.

Primeiro presidente de esquerda no país, Petro aposta em uma saída final, por meio do diálogo, de seis décadas de conflito armado e de violência, após o histórico acordo de paz de 2016 que desarmou grande parte das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Os delegados do Petro também mantêm conversas com rebeldes do Estado-Maior Central (EMC), o maior grupo dissidente das Farc.

Nesta sexta-feira, o governo e o ex-número dois dessa antiga guerrilha anunciaram um novo capítulo nas negociações com a Segunda Marquetalia, a facção rebelde que retomou as armas em 2019 após assinar a paz.

A Colômbia é o maior produtor de cocaína do mundo e vive um conflito armado que, em mais de meio século, deixou 9,5 milhões de vítimas, a maioria delas deslocadas.

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