Élisabeth Borne, de 61 anos, é conhecida por sua tenacidade e lealdade ao presidente, Emmanuel Macron, que nesta segunda-feira (16) a nomeou primeira-ministra da França.

Borne, primeira chefe de governo desde a socialista Édith Cresson no início dos anos 90, trocou o Ministério do Trabalho pelo Matignon, o gabinete do primeiro-ministro.

A engenheira nascida em Paris em 1961 também já ocupou as pastas de Transportes e Transição Ecológica durante o primeiro mandato do presidente reeleito em abril.

Ela é parte da ala de centro-esquerda, uma vantagem em um momento em que novas reformas sociais são esperadas, principalmente devido ao polêmico aumento da idade de aposentadoria.

A alta funcionária se define como uma “mulher de esquerda” que luta por “justiça social e igualdade de oportunidades”.

Como ministra do Trabalho desde julho de 2020, em plena pandemia, foi responsável por reformas sensíveis, como a do seguro-desemprego, que sofreu uma rejeição unânime dos sindicatos.

Ela tem a seu favor o plano “um jovem, uma solução”, que mobilizou uma série de medidas a favor do emprego, entre elas, um massivo auxílio para as capacitações, com o objetivo de evitar uma “geração sacrificada”.

Esta mulher elegante, famosa por conhecer seus projetos a fundo, também herdou a polêmica reforma previdenciária que Macron adiou devido à pandemia.

“É uma super técnica”, comenta um líder sindical, sob anonimato, destacando a falta de empatia da nova chefe de Governo.

Borne foi muito atuante na defesa da ação governamental, especialmente as medidas para evitar demissões durante a crise sanitária e fomentar o teletrabalho.

Em março de 2021, ela passou vários dias no hospital após ser contaminada pelo coronavírus. A funcionária reconhece que foi uma experiência “angustiante” e que precisou “administrar oxigênio algumas vezes”.

– A racionalidade das exatas –

À frente do Ministério dos Transportes em 2017, Borne avançou com a reforma ferroviária. Dois anos depois passou para o Ministério da Transição Ecológica, após a demissão de seu titular.

Esta última pasta já lhe era familiar. Em 2014, foi chefe de gabinete da então ministra do Meio Ambiente, a socialista Ségolène Royal, durante a presidência de François Hollande.

Em 2015, Borne foi encarregada da presidência da RATP, a grande companhia pública que administra o transporte em Paris e região. Ela já havia sido diretora estratégica da empresa ferroviária SNCF nos anos 2000.

Sua experiência no serviço público incluiu ainda a Prefeitura de Paris, onde foi responsável pelo departamento de Urbanismo. No setor privado, atuou na construtora Eiffage em 2007.

Discreta sobre sua vida pessoal, perdeu o pai “muito jovem” e sua mãe não tinha muitos recursos. Borne afirma que encontrou nas exatas “algo bastante tranquilizador, bastante racional”.