O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., disse nesta terça-feira, 17, que os custos da companhia nos setores de transmissão e distribuição são maiores do que os estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “Nas distribuidoras, nossos custos, perdas e a qualidade do serviço são piores do que os regulados. Isso explica porque damos prejuízo e só isso já justificaria privatizar”, afirmou, em audiência pública na comissão especial que discute o projeto de lei de privatização da Eletrobras na Câmara dos Deputados.

Na área de transmissão, segundo ele, as tarifas propostas pela Aneel são 50% menores do que custo da Eletrobras. “A conta não fecha e não fecha há muito tempo”, afirmou Ferreira Jr. “Não podemos ignorar que a companhia tem números piores que a dos concorrentes.”

Ferreira Jr. disse ainda que a Eletrobras é “passageira” nas 178 Sociedades de Propósito Específico (SPEs) de que participa. “Na maior parte delas, não chegamos a ter a rentabilidade que se desenhou no leilão, e ainda assim não mandamos nas companhias”, disse.

A respeito do empréstimo compulsório, ele esclareceu que a companhia elevou as provisões de R$ 1,5 bilhão para R$ 16,5 bilhões nos últimos três anos. “Com a jurisprudência constituída em 2013, houve essa provisão com a qual estamos lutando no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas a obrigação de provisionar existe, pois as decisões judiciais são contrárias à companhia”, afirmou.

Ferreira Jr. agora é questionado pelos deputados que participam da comissão especial da Câmara. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que a Eletrobras não é do governo, mas do Estado, e disse que o governo do presidente Michel Temer não vai conseguir privatizar a companhia.

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) afirmou que a Eletrobras não terá condições de competir com suas concorrentes e acabará sendo comprada por eles. “O senhor não vai fazer com a Eletrobras o que fez com a CPFL”, disse, em referência à companhia que Ferreira Jr. comandava e que foi comprada pela chinesa State Grid.

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Integrante da base aliada, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) afirmou que a oposição é responsável pela situação econômico-financeira da Eletrobras. “Isso é indiscutível, qualquer economista da esquerda e direita afirma isso”, disse. “Foi assaltada, sim, pelo governo do presidente Lula e da presidente Dilma. Foi um desastre de gestão”, acrescentou. Ele foi vaiado pelos sindicalistas e empregados que assistem à audiência pública, a quem acusou de serem “pelegos”.

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-RS) disse que a privatização da Eletrobras significará a entrega do controle das águas brasileiras para empresas estrangeiras. Ele avalia que a empresa, se privatizada, não vai investir nas áreas mais carentes do País.

Para o deputado Danilo Cabral (PSB-PE), o ex-ministro e deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE), “filho de Petrolina”, município de Pernambuco, é um traidor por ter proposto a privatização da Eletrobras em sua gestão à frente do Ministério de Minas e Energia.


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