Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) – A Eletrobras está se preparando para participar dos leilões de transmissão de energia deste ano e se vê em posição competitiva para disputar os grandes lotes, até mesmo em eventual parceria com outras empresas, disse nesta terça-feira o CEO da elétrica, Wilson Ferreira Júnior.

A companhia, que opera cerca de 70 mil km de linhas de transmissão, equivalente a mais de 40% da rede nacional, enxerga o segmento de negócios como uma prioridade e pretende aumentar seus investimentos no setor.

“(Os leilões de 2023) Têm ativos de valor maior, que faz com que a gente tenha competitividade maior, não são muitos interessados com capacidade financeira no momento”, disse o executivo, durante teleconferência para comentar os resultados trimestrais.

Ele não abriu detalhes sobre quais lotes estão na mira da Eletrobras, mas disse que a companhia está conversando com potenciais parceiros para entrar na disputa.

Já estão previstos pelo menos dois certames de transmissão neste ano, sendo que o segundo deles, em outubro, deverá ser o maior da história em volume de investimentos.

A agência reguladora Aneel abriu nesta terça-feira uma consulta pública sobre esse leilão, com um dos lotes destinado à construção de um grande linhão em corrente contínua em alta tensão com quase 16 bilhões de reais em aportes estimados.

A Eletrobras voltou a participar dos certames de transmissão no ano passado, em meio ao processo de privatização. A maior elétrica da América Latina chegou a ficar anos inabilitada pelo regulador a disputar os leilões, devido a atrasos nas obras de lotes em execução, além de ter ficado sem fôlego financeiro para investir em novos projetos.

NOVA ESTRUTURA E VENDA DE ENERGIA

Ainda nesta terça-feira, a Eletrobras apresentou sua nova estrutura organizacional, composta por 13 vice-presidências. As mudanças no topo da administração visam melhorar a agilidade decisória e acelerar a transformação da elétrica em áreas específicas, como negócios e suprimentos, disse Ferreira Júnior.

Ele explicou que essa estrutura, que deverá ser implementada no segundo trimestre, prevê maior concentração na holding, a fim de que todas as ações possam ser desenvolvidas de forma mais estratégica e planejada.

Serão criadas novas vice-presidências, em áreas como comunicação, operações e segurança, e gente, gestão e cultura. As nomeações e posses devem ocorrer ainda em março.

O novo desenho do topo da administração é uma das 40 iniciativas de transformação que a Eletrobras colocou em marcha após a privatização, realizada em meados do ano passado.

A companhia já fez avanços importantes em várias frentes e deverá fechar o mês de março com metade das 40 iniciativas concluídas.

A conclusão total do plano, que envolve ações de curto prazo e definições de novas estratégias, deverá ocorrer até o fim de 2023.

No segundo semestre, a Eletrobras deverá se concentrar em temas como a estratégia de longo prazo para comercialização de energia no mercado livre e a otimização de suas sociedades de propósito específico (SPEs), mirando chegar a 31 SPEs, ante 74 registradas no fim de 2022.

Do lado do balanço energético, Ferreira Júnior disse que a companhia tem evitado vender produtos de energia de curto prazo, diante do cenário atual de preços baixos da energia.

“Tem que fazer uma estratégia que busque os consumidores diretamente, com demanda de (contratação de energia) de longo prazo, e capturar (prazos de) quatro a cinco anos”, explicou o executivo, acrescentando que isso permite vendas de energia a preços de cerca de 150 reais o megawatt-hora, bem acima do valor atual do preço da energia no mercado spot.

(Por Letícia Fucuchima)

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