É verdade que muita água ainda vai rolar debaixo da ponte, mas, após sete meses de governo, dois ministros despontam como eventuais sucessores de Lula, se é que ele mesmo não vai querer disputar mais um mandato, apesar da idade e dos problemas de saúde. Fernando Haddad e Flávio Dino estão se tornando o esteio da nova gestão, apesar de terem começado sob críticas. O ministro da Fazenda conseguiu dar a volta por cima e hoje é aplaudido na Faria Lima. Obteve vitórias importantes com o Arcabouço Fiscal e a Reforma Tributária, e, com ele, o PIB deve crescer 2,2% em 2023, o desemprego está caindo e as agências de risco melhoraram as notas do Brasil. Já o ministro da Justiça enfrentou com firmeza o 8 de janeiro, ataca a corrida armamentista e está resolvendo o caso Marielle.

Futuro

Os dois, contudo, não ameaçam a hegemonia de Lula na esquerda. Haddad é fiel escudeiro do líder petista. Em 2018, foi o candidato à Presidência pelo PT porque Lula estava na cadeia. E ele será o que o lulopetismo decidir em 2026. Dino pode ser indicado para ministro do STF no lugar de Rosa Weber ou ser candidato a presidente em 2030 pelo PSB.

Em baixa

O fato é que os dois estão atropelando outros ministros com potencial eleitoral e que sonhavam com uma candidatura a presidente em 2026, com eventual apoio de Lula. Ameaçado até de perder o ministério na negociação com o Centrão, Alckmin está em baixa, enquanto Simone Tebet foi colocada para escanteio ao ter sido obrigada a engolir Pochmann.

A arte que seduz

(Divulgação)

Diante da possibilidade de perder o cargo de presidente da Caixa, Rita Serrano não se fez de rogada. Na quinta-feira, 27, procurou Lula no Palácio do Alvorada, onde ele se recuperava de dores nos quadris, e lhe entregou três quadros pintados pelo artista pernambucano J. Borges. “Pela foto vocês vão perceber que ele adorou”, disse ela no Twitter. Saiu de lá dizendo que continua no posto, cobiçado pelo PP.

Retrato falado

Simone Tebet: “Como em uma dupla sertaneja, não me incomodo em ser a segunda voz” (Crédito:Pedro França)

Simone Tebet não conseguiu esconder seu desapontamento ao saber, pela imprensa, que Márcio Pochmann seria o novo presidente do IBGE, órgão subordinado a ela. Ao descobrir que o economista havia sido nomeado por Lula, a ministra acabou se conformando. Em entrevista ao Globo na sexta, 28, a jornalista lhe perguntou o que achava de ser coadjuvante de Haddad, que se transformou no homem forte do governo: “Não me incomodo em ser a segunda voz da dupla sertaneja”, disse.

O milagre do agro

Este ano, o Brasil colheu uma safra recorde de 317,6 milhões de toneladas de grãos, com um aumento de 16,5% em relação
a 2022. O setor já representa 24,8% do PIB. A indústria, que representava 21,4% do PIB em 1970, hoje representa apenas 10%. Está sucateada. O aumento da produtividade explica o milagre no agro. Graças à adoção de novas tecnologias, como o uso de variedades mais resistentes, a agropecuária tornou-se eficiente. Basta ver que em 2001 o País colheu 100 milhões de toneladas, em uma área plantada de 38 milhões de hectares. Este ano, colheu três vezes mais em 77 milhões de hectares. Ou seja,
a produção triplicou e a área apenas duplicou.

Logística ruim

A situação da agropecuária só não é melhor devido ao Custo Brasil. Faltam silos para armazenar toda a produção e parte da safra está sendo estocada a céu aberto. As estradas estão em péssimas condições, aumentando o custo no transporte. Os portos são precários e o governo insiste em não privatizá-los.

Padrinho de peso

Lula está empenhado em arrumar um emprego para o amigo Guido Mantega (foto abaixo), que foi seu ministro nos governos anteriores e que está desempregado desde que deixou a Fazenda do governo Dilma, em 2014. O presidente tenta colocá-lo na direção da Vale, mas acionistas da empresa não o veem com bons olhos. Pode acabar em uma estatal, como Itaipu ou Petrobras.

(Marcus Leoni)

Economista malvisto

Mantega caiu em desgraça no final do primeiro governo de Dilma. Ainda no posto de ministro da Fazenda, ele adotou medidas que desestabilizaram a economia, como a redução dos preços da energia e controle dos preços dos combustíveis, mergulhando a gestão petista no caos, o que acabou sendo determinante para o impeachment da ex-presidente.

Janja solta a voz

(Divulgação)

A primeira-dama Janja da Silva aproveitou o casamento do senador Randolfe Rodrigues com a advogada Priscila Barbosa na sexta-feira, 28, para soltar a voz. Como madrinha do noivo, ao lado de Lula, ela cantou “Como nossos pais” com Caetano Veloso e Orlando Morais, marido da atriz Glória Pires, que emprestaram a mansão deles no Lago Sul, em Brasília, para a festa.

Toma lá dá cá

Entrevista com Augusta Brito, senadora PT-CE

Augusta Brito, senadora PT-CE (Crédito:Divulgação)

O Senado fará mudanças no texto da Reforma Tributária aprovado na Câmara?
A questão do Fundo de Desenvolvimento Regional é algo que analisamos com muito cuidado. O Senado pode aprimorar alguns pontos.

Como a sra. vê as reclamações dos prefeitos de que a Reforma Tributária reduzirá o poder dos municípios?
Estamos discutindo isso de forma madura e democrática. Não há possibilidade de perdas no que diz respeito à arrecadação para esses entes da federação.

O crime de vadiagem é um entulho que remete a preconceitos contra negros e pobres. As forças de segurança pública devem se dedicar ao que realmente interessa, que é o combate a crimes violentos.