O pontapé inicial nas campanhas presidenciais não pode acontecer por conta da lei eleitoral. Entretanto, nada impede que nos bastidores os partidos se organizem. As estratégias divergem muito entre os postulantes ao Palácio do Planalto. Conhecido pela facilidade em lidar com grandes eventos e seguir à risca o planejamento profissional, necessário em uma campanha, Doria está abrindo um mega escritório. Localizado em bairro nobre de São Paulo, mais especificamente na Avenida Brasil, o comitê contará com mais de 3.000 metros quadrados de construção para abrigar até 200 funcionários, estúdios de rádio e televisão, além de um auditório. O publicitário Daniel Braga, que acompanha o governador em todas as eleições, disse que a estrutura servirá de suporte para todas as candidaturas do PSDB e que ficará sob o comando do presidente do partido Bruno Araújo, que também coordenará a campanha presidencial. “Será uma miniagência. No estado teremos 320 prefeitos filiados ao PSDB. Parte da comunicação do partido será concentrada nesse local. Não é um espaço para o Doria, é para todos os candidatos do PSDB em São Paulo”, afirmou Braga.

CONFIANÇA Moro escolheu o seu amigo, o advogado Luís Felipe Cunha (à esq), para coordenar a campanha (Crédito:Divulgação)

Os bolsonaristas sabem que o fenômeno que ocorreu em 2018 não se repetirá. Por isso, correm para pensar em novos métodos. Principalmente, porque a Justiça Eleitoral está de olho nas fake news que marcaram a vitória de Bolsonaro. O presidente conversou com o marqueteiro Paulo Moura, mas em pouco tempo o pífio currículo do profissional foi desmascarado e o capitão desistiu. A coordenação geral da campanha ficará a cargo do senador Flávio. Carlos continua com o gerenciamento das mídias sociais. Os líderes do Centrão, Ciro Nogueira (PP), Marcos Pereira (Republicanos) e Valdemar Costa Neto (PL) completam o núcleo político do mandatário. Costa Neto está incumbido de contratar um marqueteiro profissional.

O mais inexperiente é o ex-juiz, Sergio Moro, que convidou Luís Felipe Cunha para coordenar a sua campanha. O advogado é amigo de Moro e disse à ISTOÉ que não tem nenhuma experiência na empreitada. “Eu sou amigo do Moro há muitos anos e ele me chamou por essa relação de confiança”, afirmou Cunha. Ele está disposto a encarar a distância de Curitiba, onde mora, para se concentrar no eixo São Paulo/Brasília. “Todos os lugares onde o Moro estiver eu vou estar com ele. Vou participar de tudo, inclusive das conversas políticas”.

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Focado em colocar o seu exército nas ruas, o Partido dos Trabalhadores vem recuperando a ideia de proliferação de células como estratégia política. A legenda espera inaugurar 5.000 comitês de campanha por todo o País. O PT teve seus melhores resultados eleitorais quando esteve com marqueteiros à frente da campanha, mas nessa eleição a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, será a coordenadora e, provavelmente, o jornalista Franklin Martins comande a comunicação.

Ciro Gomes contratou o marqueteiro João Santana e vai seguir a linha das campanhas tradicionais. O temperamento explosivo do ex-governador é seu maior adversário e a campanha procura mostrar um Ciro mais leve. O maior investimento é feito na aproximação com a juventude, mas Ciro gosta de uma boa briga e vai ser difícil segurar o ímpeto do candidato.

O professor de ciência política e comunicação, Duílio Fabbri, entende que o marketing de Doria e Lula tem uma vantagem em relação aos outros candidatos. “Eles representam partidos com muitas correntes internas que ampliam seu capital político”, afirma Fabbri. A ampliação do fundo eleitoral para R$ 5,7 bilhões retoma o gasto desenfreado que tanto se combatia em eleições anteriores. A verba, no entanto, não chega a maioria dos candidatos. Bolsonaro concorda com a liberação porque é pressionado pelos aliados do Centrão. A distribuição é desigual e fica limitada aos caciques partidários. O Brasil é um dos países que mais gasta com o financiamento das eleições. O Tribunal Superior Eleitoral tem investigado e já apurou que parte dos recursos foi utilizado, de forma irregular, para a compra de aviões e reformas de imóveis de políticos.