Eleitos, Silvão e Silvinho mantêm viva a ‘dinastia Leite’ na Câmara de São Paulo

Presidente da Câmara Municipal de SP, vereador Milton Leite (União)
Presidente da Câmara Municipal de SP, vereador Milton Leite Foto: Afonso Braga/Rede Câmara

Silvão Leite e Silvinho, ambos do União Brasil, foram eleitos vereadores em São Paulo com 63.988 e 53.453 votos, respectivamente, ocupando 11º e 21º posição entre os 55 parlamentares eleitos na cidade.

Os nomes podem soar pouco conhecidos, mas a dupla representou Milton Leite (União Brasil), um dos políticos mais poderosos da capital paulista, na eleição deste domingo, 6.

O político

Vereador desde 1997 e presidente da Câmara há quatro mandatos, Milton cumpriu a promessa que fazia a colegas e abdicou de uma nova candidatura.

Mas lançou Silvão, que era chefe de seu gabinete, e Silvinho, que exercia a mesma função no gabinete da Subprefeitura de M’Boi Mirim, um dos redutos do padrinho, para a sucessão de seu trabalho e a manutenção de sua influência na Casa.

Presidente da Câmara Municipal de SP, vereador Milton Leite (União)

Presidente da Câmara Municipal de SP, vereador Milton Leite

“Passei por diferentes presidentes na Câmara, e nunca vi alguém exercer tanto poder sobre a mesa diretora e o plenário, como um todo, quanto ele“, disse Toninho Vespoli (PSOL), vereador reeleito neste domingo e que habitualmente esteve na oposição a Leite, ao site IstoÉ.

O psolista resumiu a atuação do político com a distribuição das comissões temáticas da Câmara, que ocorre no início de cada ano: “É comum que vereadores peçam para trocar e ficar em uma comissão que tenha mais a ver com sua atuação. Quando você recorre ao Milton, ele diz que a mudança ‘está feita’, sem a necessidade de informar a outros parlamentares”.

A sucessão

Além de emprestar o sobrenome a Silvão Leite — que se chama Silvio Antonio de Azevedo –, o presidente da Câmara foi à rua para pedir votos em ambos e atuou no União Brasil, que preside a nível municipal, para assegurar um financiamento robusto a suas candidaturas.

O partido repassou R$ 3,62 milhões do fundo eleitoral à campanha de Silvão e R$ 3,58 milhões à de Silvinho, que ainda receberam doações idênticas de R$ 4.356,00 do padrinho político. O limite de gastos estabelecido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para uma campanha ao cargo na cidade foi de R$ 4.773.280,39.

A maior parte das receitas foi investida em atividades de militância e mobilização de rua, repetindo uma prática do próprio Milton, que adere ao modelo “tradicional” de fazer campanha e é muito mais reconhecido nas ruas e na própria atividade parlamentar do que nas redes sociais.

As agendas dos agora vereadores eleitos se concentraram em bairros que são redutos históricos do vereador, como Parelheiros e Grajaú, na zona sul da cidade. “Pode ter certeza que, mesmo que o Milton esteja deixando a Câmara, esses parlamentares serão dirigidos por ele”, disse Toninho Vespoli.

Além de ir à rua, Milton falou pelos apadrinhados em inserções na televisão e na internet, sem esconder a estratégia descrita pelo parlamentar do PSOL. “Não sou mais candidato. Ao votarem nele [Silvão], estarão votando em mim“, disse o vereador, em um vídeo para Silvão.

Uma liderança do União Brasil projetou durante a campanha, reservadamente, que Milton seria capaz de transferir cerca de 80 mil votos — em 2020, ele recebeu 132 mil — a serem divididos entre os dois aliados.

Mesmo que a origem dos votos não seja mapeada, a estratégia do político funcionou e ainda superou a projeção do correligionário: ao todo, Silvão e Silvinho dividiram mais de 117 mil votos.

Com a eleição da dupla, o presidente da Câmara deixa a cena ao final do mandato, mas terá quatro “herdeiros” ocupando diferentes esferas do Poder Legislativo paulista — seus filhos, Alexandre Leite (União) e Milton Leite Filho (União), são respectivamente deputado federal e estadual de São Paulo.