O deputado federal e ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro foi lançado oficialmente como candidato à Presidência pelo PSL e, para surpresa de muitos, é apontado como um dos favoritos para vencer as eleições de outubro.

Sua figura polariza a sociedade brasileira, cansada dos escândalos de corrupção que salpicam políticos de direita e esquerda e da violência sem controle que castiga o país.

Por que alguns eleitores vão votar em Bolsonaro? A AFP conversou com simpatizantes deste católico radical de direita, de 63 anos, no lançamento de sua campanha no Rio de Janeiro.

– Felipe Bretas, pecuarista, 42 anos

Felipe é a imagem do vaqueiro. De chapéu preto, este pecuarista viajou de Minas Gerais para o Rio para demonstrar seu apoio a Bolsonaro, a quem chama de um homem ético e honesto, que encarna a mudança de que o Brasil precisa.

Embora tenha votado no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, acreditando que o líder da esquerda, preso desde abril, mudaria o país, acredita que “precisamos hoje de um candidato de direita, porque para a esquerda já fomos e foi um desastre”.

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“Eu vejo o Bolsonaro valorizando muito o campo, o produtor rural, o homem do campo, que é o segmento que mais traz divisas ao Brasil. Essa área anda muito largada. Precisa ser olhada com mais carinho”, afirma.

“Na situação como o país está hoje, com toda essa violência, a população precisa ter direito a ter uma arma em casa para se proteger, para proteger a família, para proteger o patrimônio”, afirma Felipe, pai de duas filhas.

– Allienne da Costa, estudante, evangélica, 27 anos

Allienne usa óculos estilosos, batom vermelho escuro e tira ‘selfies’ com os amigos antes de Bolsonaro subir ao palco.

“O Jair, além de um candidato, é um símbolo do que a gente estava aguardando para quem é conservador no Brasil. Ele concentra 90% das nossas pautas”, afirma esta estudante de Relações Internacionais, fiel da Igreja batista.

“Sempre fui muito leitora da Bíblia. Como eu tive uma cultura cristã desde criança, os valores morais cristãos não permitem essa aproximação com a esquerda. Você cria valores que não permitem imoralidade, libertinagem”, prossegue.

Allienne, militante do Partido Social Liberal (PSL) de Bolsonaro, é “contra o aborto, as cotas raciais, o comunismo”.

A Igreja evangélica “não tem por objetivo impor a moralidade cristã, só queremos impedir a ‘ideologia de gênero’ nas escolas, uma quase legalização da pedofilia, uma legalização do aborto. A gente só quer impedir esse tipo de coisas, a gente não tem pretensão de impedir que as pessoas vivam as suas vidas normais”, manifesta.

– José Ricardo Mendo, pedreiro e pintor, 30 anos

José Ricardo mora e trabalha na Baixada Fluminense, uma das regiões mais violentas do Rio. E um dos poucos negros presentes no domingo no ato de lançamento da candidatura de Bolsonaro, embora assegure não se sentir discriminado pelo deputado, denunciado formalmente por racismo.

“Inclusive o sogro dele é negro!”, recorda José, em alusão a “Paulo Negão”, o pai da terceira mulher de Bolsonaro.


“Ele é um cara verdadeiro. Ele fala a língua do povo. Não é aquela coisa do politicamente correto”, discorre.

Vestindo camiseta estampada com a foto de Bolsonaro, José está convencido de que o ex-capitão do Exército “vai dar uma condição melhor para os policiais trabalhar” (sic) e considera muito importante a proposta de reduzir a maioridade penal para 16 anos.

“Um menor de 16 anos, quando ele está armado nas ruas, não pensa, e tira a vida de um pai de família, de um filho, de um irmão… Acredito, sim, que tem que ter a lei, tem que responder pelos atos”, afirma.

– Paulo César Rodrigues, militar da reserva, 57 anos

“Eu quero um país onde o presidente brigue, lute pelo povo e não se esconda. Onde o presidente bote a cara, batalhe por nós”, diz Paulo César, militar da reserva.

Paulo César, outro dos poucos negros presentes na convenção de domingo, acredita que Bolsonaro é esse homem, sem máculas, em meio a um panorama político salpicado pela corrupção.

“Disciplina e hierarquia são dois pilares que não podem faltar a um país e que não temos hoje. Bolsonaro viveu isso em sua carreira militar e fará um bom governo”, afirma.

Paulo César acredita que a criminalidade está solta no Brasil. “A criminalidade pode andar, nós não, nós temos que estar presos”, lamenta.

“Precisamos de alguém de pulso firme”, conclui.

– Ivaneide Almeida, funcionária pública, 50 anos

Ivaneide Almeida sempre votou em candidatos da direita e, há anos, acompanha Bolsonaro.

“Tudo o que ele fala é tudo o que ele é. É por isso que ele tem muitas perseguições, porque ele é uma pessoa real, ele é transparente. Ele fala o que a gente precisa ouvir e nem sempre o que a gente precisa ouvir é o que a gente quer ouvir”, argumenta esta funcionária pública.


Como eleitora branca de classe média, Ivaneide diz se sentir discriminada pelas cotas raciais e as políticas de gênero impulsionadas pelos governos de esquerda de Lula (2003-2010) e sua sucessora e afilhada política, Dilma Rousseff (2011-2016).

“Gosto que Bolsonaro defenda essa ideia de que somos todos iguais. Da gente se destacar pela nossa capacidade. Isso é um incentivo para eu crescer”, afirma.

Ela garante que Bolsonaro é vítima da imprensa tradicional, que distorce tudo o que ele diz. É algo que, segundo ela, o assemelha ao presidente americano, Donald Trump.

“Eu acredito que os dois vão fazer muito bem para as nações”, avalia.


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