Cansado das propostas populistas de seus concorrentes, Arthur do Val, candidato do Patriota à Prefeitura de São Paulo, diz que, se eleito, fará o “arroz com feijão bem-feito” e deixará a iniciativa privada trabalhar na cidade. Também conhecido como Mamãe Falei por conta de seu canal no YouTube, o engenheiro químico de 34 anos foi eleito deputado em São Paulo em 2018 com 478.280 votos (DEM) e é membro do Movimento Brasil Livre (MBL).

Arthur do Val é o primeiro entrevistado do LANCE! no especial de eleições municipais de São Paulo. As entrevistas vão desta sexta-feira (30) até 12 de novembro. Para realizar esta série, o L! enviou oito perguntas iguais para todos os concorrentes que vêm fazendo campanha a respeito dos seus projetos e desafios com os quais se depararão no esporte na capital paulista. A ordem de publicação será de acordo com o recebimento das respostas pelo L!.

Confira abaixo a entrevista com o candidato do Patriota:

LANCE! – Por que deseja se candidatar à Prefeitura de São Paulo?
Arthur do Val –
Eu quero ser prefeito de São Paulo porque eu nasci aqui, cresci aqui, trabalhei aqui, eu ganhei dinheiro aqui e eu sei como é a vida real, diferente dos meus concorrentes, inclusive, que vivem numa bolha ou sequer são daqui, eu conheço a vida de São Paulo. Eu já estou de saco cheio de ter uma cidade que tem tudo para ser de primeiro mundo, mas travada pelas mesmas travas, não técnicas, mas políticas. Isso é um absurdo. Quero ter aqui em São Paulo tudo aquilo que a gente tem no exterior, não quero mais ter que ver gente viajando para Barcelona, Nova Iorque, Paris e Buenos Aires para ter tudo que nós podemos ter aqui. É muito importante que a gente aproveite essa chance única que nós temos, na década, de fazer a revisão no plano diretor para que São Paulo finalmente se destrave e, através da iniciativa privada e não de poder público, não de prefeito prometendo o impossível, através do trabalho da iniciativa privada, a gente mostre para o resto do mundo que aqui é a locomotiva do Brasil sim e nós podemos ser a melhor cidade para se viver.

L! – Qual será a relevância do esporte em seu plano de governo? Haverá alguma preocupação que o desenvolvimento do setor nas categorias de base e de alto rendimento?
Olha, sou até suspeito para falar, porque eu sou um fã de esportes, sou praticante de esportes, inclusive, e eu acho que o esporte é maravilhoso para tudo que a gente possa imaginar, principalmente na responsabilidade do prefeito, que a Constituição reserva o papel mais bonito em relação à formação do cidadão. Quero lembrar que o primeiro contato que qualquer cidadão tem com a iniciativa pública em termos de educação e saúde é do município. Portanto, meu projeto é aplicar a escola 360, que é uma escola aberta 360 dias por ano, ou seja, aberta aos finais de semana e nas férias, oferecendo merenda e almoço, e o custo disso, já desenhei até com minha equipe econômica, você consegue bancar esse custo só retirando cargos comissionados de subprefeituras, então, aqueles cargos indicados politicamente. Quando você tira de subprefeitura, você está falando de uma economia de mais de meio bilhão por ano. Portanto, você consegue com muita folga dar merenda e almoço para as crianças irem para a escola aos finais de semana. Na escola aos finais de semana, além de aulas de reforço e aulas extracurriculares, nós pretendemos fazer atividades esportivas, com campeonatos interclasse e campeonatos interescolas. Isso recupera a autoestima do aluno, como você vê em países desenvolvidos, o aluno com orgulho de estudar na escola onde ele estuda, justamente por ter um potencial explorado. Então, pretendemos fazer isso, inclusive com parceria público-privada, com tantas iniciativas maravilhosas que nós já temos que fomentam o esporte na nossa cidade.

L! – Qual será o critério para a escolha do seu secretário de esportes?
Não só o secretário de esportes, eu posso dar, inclusive, um critério genérico para a escolha de qualquer secretário, é sempre baseado em critérios técnicos, e um diferencial que a gente sempre busca numa pessoa tecnicamente capaz é ‘o que essa pessoa fez para as outras pessoas antes de ter um cargo?’. Isso é muito importante também, não adianta a pessoa ser só tecnicamente muito boa. No caso específico do secretário de esportes, nós vamos buscar exatamente isso, a capacitação técnica na gestão, não necessariamente um profissional da equipe de saúde, inclusive ontem (13 de outubro) tivemos o reconhecimento do professor de Educação Física como profissional da saúde, mas claramente na aplicação direta dos esportes nos nossos programas de fomento ao esporte, nós teremos os profissionais regulamentos pelo CREF (Conselho Regional de Educação Física) e, de fato, os profissionais dessa área de Educação Física. O secretário, como falei, precisa ser muito mais tecnicamente capaz em termos de gestão, mostrar necessariamente que já fez algo relevante para as pessoas antes de ter a caneta e assim seguimos com a nossa gestão.

L! – Caso eleito, como lidará com os impactos da pandemia de Covid-19. Qual é o seu planejamento para assegurar que a população possa gradativamente retomar suas atividades físicas com segurança em relação aos índices do vírus?
Eu acho que nós tivemos o pior dos dois mundos aqui em São Paulo, com uma quarentena branda, desorganizada e extremamente longa. Agora, o prefeito está restringindo o horário de funcionamento de diversos equipamentos públicos que não fazem mais nenhum sentido, por exemplo, se você pegar o parque do Ibirapuera, ele está fechado, enquanto isso, as pessoas estão se aglomerando em volta do parque, portanto, você está criando mais aglomeração deixando o parque fechado. Então, a partir de escolhas e decisões racionais, com lideranças e sempre baseadas em evidências, você consegue sim ter uma gestão muito mais acertada e com mais sentido. A distribuição de formas de proteção, eu digo máscaras, luvas, álcool em gel, pode também ser financiada pela prefeitura ou com parcerias público-privadas, como a gente vê, por exemplo, nas ciclovias já existentes aos domingos aqui em São Paulo, a gente consegue ampliar o acesso ao esporte com segurança para todo mundo.

L! – Pensa em promover campanhas de incentivo para que as pessoas do “grupo de risco” façam exercícios físicos em suas residências?
Sim, na verdade uma das minhas bandeiras é justamente o fomento ao esporte como prevenção de doenças. Um dos equipamentos de saúde que nós temos que é pouco aproveitado em termos de potencial são as UBS. Quero lembrar que temos alguns tipos de UBS, um dos tipos que nós temos é a UBS estratégica, juntamente ao PS (pronto-socorro) que você tem uma equipe médica que conta ali com apoio de agentes comunitários que fazem a saúde preventiva daquela população. Nós temos de fortalecer esse tipo de UBS, esse tipo de equipe, e não médicos plantonistas, como nós temos feito infelizmente nas gestões anteriores, e esses agentes comunitários devem fazer necessariamente a orientação também das atividades físicas. É muito importante que as atividades físicas sejam utilizadas como um método de saúde pública, é muito importante que a gente consiga fazer com que a influência, inclusive dos mais jovens da internet, chegue até a população mais velha e mais idosa para que se faça atividades físicas com regularidade. Portanto, pretendo utilizar os equipamentos já existentes das UBS, principalmente estratégicas, diretamente com equipes de agentes comunitários, para ver esse incentivo diretamente na população, também a influência das minhas redes e todas as redes que nós podemos ter trabalhando para esse tipo de projeto de maneira até gratuita, sem custos, para que a gente consiga elevar essa influência e fomentar o esporte nas idades mais avançadas aqui em São Paulo.

L! – A pandemia afetou sensivelmente a rotina dos grandes clubes da cidade. Acredita que a Prefeitura possa contribuir de alguma forma para que as agremiações se recuperem economicamente? Como?
O que você vai mais ouvir quando se fala de recuperação é proposta populista. ‘Olha, vamos fazer um auxílio assim, um auxílio assado’, e, na verdade, a minha proposta é muito mais simples. Eu não proponho nenhuma grande intervenção, muito pelo contrário, eu proponho que a prefeitura faça o arroz com feijão bem básico e bem feito, e, para mim, a grande novidade que eu apresento é fazer com que a prefeitura deixe que a iniciativa privada trabalhe. O papel da prefeitura não é ficar prometendo isso ou aquilo, o papel da prefeitura é fazer com que a iniciativa privada possa trabalhar. A gente sabe que, se você depender da prefeitura, você está ferrado, então, o papel da prefeitura é deixar a iniciativa privada trabalhar. É parar de cobrar tanto imposto, é parar de mandar tanto fiscal encher o saco de quem está trabalhando, de quem está promovendo as coisas boas da cidade, e o esporte se inclui nisso. Portanto, o que eu prometo aqui não é nada populista, é justamente o contrário, justamente fazer com que as pessoas que estão na vida real, trabalhando, consigam seguir seus caminhos em paz, ganhar dinheiro e promover o que fazem muito bem, que é o que São Paulo sempre soube e sabe fazer.

L! – Como pretende traçar o planejamento para a volta de público aos estádios e ginásios na cidade?
Em relação ao planejamento da volta do público aos estádios, eu acho que a prefeitura pode fazer de melhor, minhas respostas são até redundantes, é parar de encher o saco. Desculpa a expressão forte, mas é basicamente isso. Os estádios de futebol, os clubes de futebol, as pessoas que trabalham com esporte não precisam e não querem a prefeitura para nada, a prefeitura só atrapalha. O que a gente precisa é, de fato, que se deixe em paz para trabalhar, ponto. Eu acho que o brasileiro não precisa de um prefeito ou algum burocrata com caneta na mão dizendo para ele onde ele deve ou não ir. Também não deve ter um burocrata, um prefeito, um vereador, um secretário com caneta na mão, dizendo para ele onde empreender e como empreender. Portanto, o papel da prefeitura é deixar que as pessoas, a demanda natural das pessoas, siga seu curso natural e deixe que as pessoas saibam aproveitar isso da melhor possível. As pessoas sabem viver, cada um sabe de si, portanto, o papel da prefeitura é fazer com que as pessoas fiquem em paz para trabalhar e empreender. Esse é o maior incentivo que você pode dar para qualquer área do Brasil, aliás, principalmente, em termos de volta ao público aos estádios.

L! – Caso eleito, o autódromo de Interlagos seguirá sendo gerenciado pela Prefeitura ou haverá concessão à iniciativa privada?
De forma nenhuma (seguirá com a Prefeitura). Se eu for eleito, uma das minhas bandeiras é urgentemente privatizar o autódromo de Interlagos. É um absurdo que a gente tenha que cobrar IPTU dos mais pobres para manter um equipamento público deficitário, que, via de regra, é utilizado para um esporte de elite. Eu acho maravilhoso o autódromo de Interlagos, sou fã de automobilismo, de motociclismo, de todos esses esportes que podem ser explorados pelo autódromo, acontece que isso deve ser feito pela iniciativa privada. Novamente, minha resposta vai parecer redundante, não é um secretário, um prefeito, um burocrata com uma caneta na mão que deve ficar ali acumulando poder e decidir o que deve ou não deve ser feito. Quem deve gerir isso é a iniciativa privada, as pessoas do esporte, portanto, eu pretendo, sim, privatizar e fazer com que as pessoas tenham mais liberdade para utilizar esse equipamento e ter lucro. Porque aí, sim, você está, de fato, fomentando e promovendo algo.

QUEM É ELE
Nome completo:
Arthur Moledo do Val (Mamãe Falei) (Patriota)
Número na eleição: 51
Data e local de nascimento: 21/08/1986, São Paulo (SP)
Vice: Adelaide Oliveira

* Sob supervisão de Vinícius Perazzini.