Presidente do Flamengo entre 2013 e 2018 e candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo Rede Sustentabilidade, Eduardo Bandeira de Mello defende uma aproximação maior entre a Prefeitura e os clubes da cidade para aproveitar o potencial de mobilização do futebol e os benefícios do esporte na idade escolar.

Quarto entrevistado do especial do LANCE! sobre as eleições municipais na capital fluminense, o economista posicionou-se contrário à construção de um autódromo na Floresta do Camboatá e, em meio a críticas ao mau uso do legado olímpico, colocou a formação de atletas como uma das suas prioridades para utilização das arenas da Rio-2016.

Para realizar esta série, o L! enviou dez perguntas – iguais, para todos os concorrentes que vêm fazendo campanha – a respeito dos seus projetos e desafios com os quais se depararão no esporte na Cidade Maravilhosa.

A publicação é diária e em ordem alfabética. Nesta sexta-feira, candidato Eduardo Paes (DEM) discorrerá sobre os desafios em torno do esporte no Rio e suas propostas para o setor.

LANCE!: Por que deseja se candidatar à Prefeitura do Rio de Janeiro?

Eduardo Bandeira de Mello: Para interromper o processo de decadência por que passa a cidade do Rio de Janeiro e reduzir as desigualdades que tanto nos envergonham. Também precisamos recuperar credibilidade do Rio e sua capacidade de atrair turistas e negócios.

L!: Qual será a relevância do esporte em seu plano de governo? Haverá alguma preocupação com o desenvolvimento do setor nas categorias de base e de alto rendimento?

Entendo que o esporte é fundamental na formação dos jovens e na prevenção de problemas de saúde. Neste sentido, considero como essencial o trabalho desenvolvido nos clubes cariocas nas suas categorias de base, seja no futebol ou nos demais esportes olímpicos. Os clubes cariocas podem e devem ser parceiros da Prefeitura com a cessão de suas instalações para que estudantes do ensino fundamental possam desenvolver atividades esportivas no contraturno escolar como complemento do ensino regular.

L!: Qual será o critério para a escolha do seu secretário de esportes, se houver?

Terá que ser alguém com inquestionável integridade e competência técnica para exercer o cargo.

L!: Caso eleito, o senhor lidará com os impactos da pandemia de Covid-19. Qual é o seu planejamento para assegurar que a população possa gradativamente retomar suas atividades físicas com segurança em relação aos índices do vírus?

Ao contrário do que aconteceu até agora nas três esferas de governo, pretendemos trabalhar em total harmonia com as autoridades de saúde pública estaduais e federais. As diferenças políticas terão que ser superadas em benefício do interesse público. E vamos criar um comitê de crise de verdade, com protagonismo total das autoridades de saúde pública, que interagirão com especialistas das demais áreas para definir as estratégias de flexibilização do isolamento.

L!: Pensa em promover campanhas de incentivo para que as pessoas do “grupo de risco” façam exercícios físicos em suas residências?

É uma boa ideia. Eu mesmo já pratico.

L!: A pandemia afetou sensivelmente a rotina dos grandes clubes cariocas. Acredita que a Prefeitura possa contribuir de alguma forma para que as agremiações se recuperem economicamente? Como?

Pretendo ter um relacionamento estreito com os clubes, que podem ser parceiros em diversas situações, por sua capacidade de mobilização da população. Não teremos como aportar recursos nos clubes, mas a parceria política pode ajudar a encaminhar soluções.

L!: Como pretende traçar o planejamento para a volta de público aos estádios e ginásios na cidade?

Através do comitê de crise citado acima. Sempre com o protagonismo dos especialistas em saúde pública.

L!: Qual é a opinião do senhor sobre a construção de um autódromo na Floresta do Camboatá, considerada o último remanescente de Mata Atlântica em terras planas na cidade, para receber grandes eventos do automobilismo, como a Fórmula 1?

Sou totalmente contra. São 200 hectares planos de Mata Atlântica e várias espécies de flora e fauna que precisam ser preservados. Nossa administração será exemplar quanto à sustentabilidade e ao respeito ao meio ambiente. Nada contra o automobilismo, mas o autódromo pode perfeitamente ser construído em outro lugar. Eu, inclusive, posso ajudar a identificar a nova localização.

L!: Como o senhor avalia a gestão do legado olímpico? Se eleito, quais os planos para uso das instalações olímpicas que estão sob gestão da prefeitura, como a Arena Carioca 3 e o Parque Radical de Deodoro?

Infelizmente, a maioria das promessas feitas para a Olimpíada não foi cumprida. As instalações estão sem ocupação, se deteriorando. Elas devem servir plenamente ao bem-estar da população e à formação de atletas. A arena que, disseram, ia se transformar em uma escola de primeiro mundo está abandonada. E o Rio até hoje paga a conta desse descalabro. Vamos reorganizar e botar pra funcionar todos os equipamentos, sem apadrinhamento político. Os projetos são maravilhosos quando são feitos, mas não funcionam quando saem do papel.

L!: Qual deve ser o modelo de gestão do Maracanã e dos equipamentos esportivos no seu entorno?

O assunto está na esfera estadual, mas entendo que deve ser efetivada a concessão definitiva do Maracanã através de licitação pública. E não vejo solução viável técnica e financeiramente que não passe pelos clubes. A Prefeitura estará à disposição para atuar como parceira.

BATE-BOLA

Pratica ou praticou algum esporte?

Fui judoca na juventude e adoro jogar minhas peladas, embora sem muita qualidade técnica.

Time de coração: Flamengo

Ídolo no esporte: Zico

Qual é sua lembrança mais forte ligada ao esporte?

As vitórias do Flamengo que presenciei no Maracanã.

Qual legado pretende deixar à cidade do Rio de Janeiro na área do esporte?

A Prefeitura precisa dar exemplo de integridade, transparência e qualidade de gestão em todas as áreas. Inclusive no esporte, que deve ser também um instrumento de inclusão social.

QUEM É ELE

Nome completo: Eduardo Carvalho Bandeira de Mello
Data e local de nascimento: 22/03/1953 – Rio de Janeiro (RJ)
Vice: Andrea Gouvêa Vieira (REDE)
Ocupação declarada: Economista
Valor total de bens declarados: R$ 6.159.557,34