Eleições regionais na Itália medem força de blocos políticos

ROMA, 23 NOV (ANSA) – Os partidos da Itália se enfrentam a partir deste domingo (23) nas eleições regionais do Vêneto (norte), Campânia e Puglia (sul), em um pleito crucial para medir a força dos blocos políticos nacionais, com a direita buscando expandir sua influência em direção ao sul do país.   

A votação ocorrerá em dois dias: durante todo o domingo até às 23h (horário local) e na segunda-feira (24) até às 15h, quando se encerrará oficialmente o processo eleitoral. Ao todo, são esperados cerca de 11,5 milhões de eleitores.   

As primeiras horas de votação foram marcadas por baixa participação. Na Campânia, o comparecimento às 12h foi de 8,24%, uma queda expressiva em relação aos 11,31% registrados na mesma faixa horária em 2020. Situação semelhante ocorreu na Puglia, onde apenas 8,53% dos eleitores foram às urnas até o meio-dia, contra 12,05% na eleição anterior.   

Já no Vêneto, a participação também diminuiu, atingindo 10,1% ao meio-dia, 4,6 pontos percentuais abaixo de 2020.   

O resultado das urnas definirá não apenas os novos governadores e conselhos regionais, mas também o equilíbrio de forças entre centro-direita e centro-esquerda ? e até disputas internas dentro de blocos e partidos.   

No Vêneto e na Campânia, os governadores cessantes Luca Zaia e Vincenzo De Luca, respectivamente, foram impedidos de concorrer a um terceiro mandato – uma decisão confirmada pelo Tribunal Constitucional. Ainda assim, ambos permanecem no centro do debate político regional.   

Zaia optou por não lançar uma lista própria, concorrendo como candidato da Liga. Um bom desempenho, segundo setores do partido, poderia fortalecer sua influência interna e nacional, ao mesmo tempo em que alimentaria a disputa entre a Liga e os Irmãos da Itália (FdI) pela liderança da coalizão de direita.   

Na Campânia, De Luca não concorre, mas sua presença política se mantém viva por meio da lista “de cabeça erguida”, que desafia diretamente o Partido Democrático (PD), liderado nacionalmente por Elly Schlein e regionalmente por Piero De Luca, seu filho.   

Na Campânia, porém, o clima eleitoral ficou mais tenso após parlamentares do FdI quebrarem o silêncio eleitoral para atacar o candidato do Movimento 5 Estrelas (M5S), Roberto Fico, reacendendo a polêmica sobre uma tarifa reduzida no porto militar de Nisida. O M5S reagiu com força, acusando o FdI de “arrogância do poder” e exigindo intervenção das autoridades.   

Enquanto isso, o centro-esquerda busca consolidar posições. Na Puglia, a sucessão de Michele Emiliano opõe o ex-prefeito de Bari, Antonio Decaro ? vencedor das europeias de 2024 ? e Luigi Lobuono. Uma vitória de Decaro poderia elevá-lo, segundo vozes reformistas do PD, a figura de destaque na ala moderada do partido.   

No Vêneto, além da disputa entre Alberto Stefani (centro-direita) e Giovanni Manildo (centro-esquerda), a atenção também se volta para a batalha entre FdI e Liga pela posição de partido mais votado, com impacto direto na próxima eleição regional da Lombardia.   

Se os FdI mantiverem sua posição como principal partido, poderão ganhar mais força para concorrer à liderança da região mais populosa da Itália.   

O ciclo eleitoral de 2025 chega ao fim na segunda-feira à tarde, após votações em sete regiões, incluindo o Vale de Aosta, que não elege diretamente seu governador. Além do mapa político regional, serão observados os votos absolutos de cada bloco. O centro-esquerda afirma estar confiante de que a nova frente progressista liderada por Schlein poderá superar numericamente a centro-direita ? embora o crescente risco de abstenção coloque incertezas para ambos os lados.   

Segundo especialistas, o desfecho eleitoral poderá redesenhar equilíbrios internos, impulsionar novas lideranças e definir parte do cenário que antecede as eleições gerais de 2027.   

(ANSA).