Os palestinos elegem no sábado seus conselhos municipais, mas apenas na Cisjordânia. Uma vez mais, a Faixa de Gaza, governada pelo grupo islamita Hamas, se manterá à margem, refletindo assim as profundas divisões palestinas.

Ambos os territórios, que teoricamente formam um só Estado palestino independente, não votam juntos desde 2006. As eleições municipais de 2017 são uma nova ocasião, frustrada, de superar as divergências, fundamental para uma resolução global do velho conflito entre israelenses e palestinos.

A realização simultânea de eleições na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, separadas geograficamente pelo território israelense e politicamente por anos de disputas, pode transmitir uma mensagem de concordância palestina.

Entretanto, o fato de a Faixa de Gaza não participar, deixando de foram os seus dois milhões de habitantes, prevê um novo fracasso nos esforços de reconciliação.

Vencedor nas legislativas de 2006, mas privado de sua vitória pela rejeição de Israel e da comunidade internacional, o governo do Hamas tomou o poder à força na Faixa de Gaza em 2007. Assim, conduziu-se à Autoridade Palestina, que emana dos Acordos de Oslo e que é reconhecida internacionalmente.

O Hamas é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

A Autoridade Palestina exerce suas prerrogativas somente na Cisjordânia, ocupada há 50 anos pelo Exército israelense.

Seu presidente, Mahmoud Abbas, se encontrará com Donald Trump no fim de maio durante uma vista do mandatário americano à Cisjordânia e a Israel. Junto com Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Neatanyahu, quer se reunir para alcançar um acordo diplomático final.

O Hamas, com um novo chefe e uma nova declaração de princípios, observa de longe a visita do presidente americano, assim como as eleições.

Todas as tentativas de paz entre o Hamas e a Autoridade Palestina duraram pouco, o projeto, elaborado em 2016, das primeiras eleições conjuntas desde 2006.

Em 2012, o Hamas boicotou as eleições municipais que foram realizadas apenas na Cisjordânia.

– Pouco entusiasmo –

No sábado, 1,1 milhão de eleitores serão chamados a renovar mais de 300 câmaras municipais no território. No total, “536 listas, com 4.4000 candidatos, estarão na corrida”, explicou à AFP Hisham Kheil, encarregado da Comissão Eleitoral que supervisiona a votação.

“Tudo indica que as eleições se desenrolarão bem”, continua. Além disso, espera-se que “inúmeros eleitores compareçam às urnas”.

Nada está decidido. De acordo com uma pesquisa do Palestinian Center for Policy and Survey Research (PSR), apenas 42% dos palestinos da Cisjordânia têm a intenção de votar. Segundo a pesquisa, para um palestino em cada cinco esta consulta obstaculiza a aproximação entre os movimentos rivais. Também cerca de um terço considera que o Hamas tem razão ao não querer participar.

O Hamas acusou Ramallah de “reforçar a divisão”. A Autoridade Palestina lhe devolveu a acusação, lamentando que o movimento islamita mantenha sua direção paralela.

Por conta da existência de certos locais onde as relações tribais e familiares são fortes, as câmaras municipais concordaram em formar uma lista única e em “180 circunscrições” para a realização das eleições, de acordo com Kheil.

Entretanto, esta disputa local e com fortes lações familiares pouco anima os palestinos, mais preocupados com outras lutas.