SÃO PAULO, 21 FEV (ANSA) – Luiz Osvaldo Pastore, candidato ao Senado pela Liga Norte, é empresário do setor de importação e transformação de cobre e alumínio no Brasil, no Chile, no Peru e na Argentina.   

Ele está na vida pública há mais de 30 anos e já foi suplente do Senado Federal pelo Espírito Santo – Pastore chegou a assumir o cargo entre 2001 e 2002. O candidato mora hoje em São Paulo, mas também tem residência na Argentina, onde é produtor rural.   

Pastore já foi diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Palmeiras, clube onde também exerceu três mandatos como conselheiro.   

As trocas comerciais entre Brasil e Itália caíram mais de 30% desde 2013, ano das últimas eleições legislativas italianas. O que o senhor propõe para recuperar as relações entre os dois países no âmbito do comércio? As relações comerciais caíram, e isso tem que ver muito com o governo Dilma, com o governo do PT e com as dificuldades em que o Brasil entrou também nesses últimos anos. O que nós propomos é o restabelecimento da melhoria de relações entre os dois países, comerciais, no sentido de termos leis, especialmente entre os ítalo-sul-americanos, com relação aos financiamentos que a Itália pode propor ao Brasil, que é o incremento de empresas italianas no Brasil, que é algo muito significativo que, acredito, possa ser incrementado por uma política de Estado.   

Qual é a proposta do senhor para aproximar Brasil e Itália na cultura e no turismo? Eu vou falar uma coisa para você: nossa campanha está baseada em estabelecer – a parte mais importante – a continuação da cidadania jus sanguinis. Eu estou fazendo uma campanha legislativa, não ao Executivo. Esse tipo de pergunta, não sei se cabe. Eu respeito seu jeito de me entrevistar, mas ela é muito mais voltada para Executivo, não para o Legislativo. Eu basicamente estou focado em dois pontos fundamentais: o primeiro é a continuação da cidadania jus sanguinis. Eu não tenho nada para dizer sobre isso.   

Nos últimos anos, apenas um primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, veio ao Brasil, e por causa das Olimpíadas. A Itália negligenciou as relações com o Brasil e vice-versa? Não tenha dúvida. O primeiro-ministro que veio, ele veio no governo do Temer nas Olimpíadas, ele é parte de uma aliança de esquerda, tinha todo o interesse em estar aqui, independentemente das Olimpíadas, com a ligação que ele teve com o governo anterior, do PT. E eu acredito que uma coisa fortíssima que abalou o Brasil com a Itália, uma ligação de um país amigo, uma ligação de laços históricos, econômicos e culturais que nós tivemos, e de fraternidade, foi o caso do Battisti. O que nós fizemos no caso Battisti é uma verdadeira vergonha.   

As eleições de outubro no Brasil podem facilitar a retomada das relações com a Itália? Lógico que eu acredito. Não é uma reconstrução. O Brasil sempre teve uma ligação profunda com a Itália. Nós temos aqui os ítalo-brasileiros, uma colônia muito forte, uma colônia industrial que foi São Paulo. Parte importante desse país foi construída pelos ítalo-brasileiros. Nós tivemos uma dificuldade, volto a dizer, nas relações entre os dois países, pelo abuso, pela negligência, pela incompetência do ato que o Lula fez, e o Supremo Tribunal que também deixou, de maneira estranha, essa coisa acontecer.   

O senhor é a favor da extradição de Cesare Battisti pelo governo brasileiro? Os laços culturais e econômicos que unem o Brasil e a Itália sofreram um abalo sem paralelo. Há oito anos, desde que o nosso país concedeu asilo político a esse pluriassassino, Cesare Battisti, a comunidade italiana apela para a revogação dessa equivocada decisão. É claro que essa decisão ignora qualquer princípio jurídico das relações diplomáticas internacionais. Não se trata aqui de falar de abrigar um refugiado, um perseguido político, mas de acolher o inimigo público número um de um país amigo. O Battisti foi condenado à prisão perpétua na Justiça italiana por envolvimento em quatro homicídios e ligações com o terrorismo.   

Os defensores de Battisti acusam a Itália de tentar interferir nas instituições do Brasil ao pedir novamente sua extradição, mesmo depois das decisões tomadas pelo presidente da República (Lula) e pelo Supremo Tribunal Federal. O que o senhor pensa dessa visão? É inacreditável. O Cesare Battisti é um assassino. Um assassino frio. Ele jamais poderia? O Supremo jamais poderia ter dado o direito ao presidente de fazer isso. Ele estava extraditado pelo Supremo. E não há motivo nenhum para que ele continue no Brasil.   

E ele acaba de cometer outro crime aqui. E todos os outros três, inclusive a viúva? A viúva não sei se está presa, porque tem uma viúva, pelos menos dois, seguramente, estão presos, e acho que a viúva também. É absolutamente não tem o menor cabimento esse pedido. Isso é patético, até.   

A comunidade de ítalo-descendentes no Brasil reclama bastante das filas para reconhecimento de cidadania nos consulados. O que o senhor propõe para melhorar essa situação? Nós precisamos abrir um pouco os números dos valores envolvidos em cada consulado. Porque não é possível. Eu mesmo fui tirar um passaporte outro dia, a burocracia envolvida, eu tive de voltar três vezes. Faltou uma certidãozinha disso ou daquilo. Existe uma notória dificuldade criada. Isso a gente precisa entender melhor para ver como fazer, mas seguramente nós temos de fazer algo. A criação de subconsulados ou voltar com uma série de consulados que podiam emitir seria uma das soluções. (Continua)