SÃO PAULO, 21 FEV (ANSA) – Candidato à Câmara dos Deputados, Luis Molossi é advogado, conselheiro do Comitê dos Italianos no Exterior (Comites) e do Centro de Cultura Italiana de Paraná e Santa Catarina.   

Molossi é formado em direito e ciências contábeis e possui um escritório de assessoria empresarial. Além disso, é um dos fundadores do Movimento Associativo dos Italianos no Exterior (Maie), do qual é coordenador no Brasil desde 2014.   

Ele disputa as eleições legislativas italianas pela terceira vez e também exerce a função de consultor da região do Vêneto no Paraná.   

As trocas comerciais entre Brasil e Itália caíram mais de 30% desde 2013, ano das últimas eleições legislativas italianas. O que o senhor propõe para recuperar as relações entre os dois países no âmbito do comércio? A minha área de atuação é justamente a advocacia empresarial.   

Tenho muitos clientes italianos que investem no Brasil e vice-versa. Então o que precisamos é superar a crise, porque não é culpa da política que existe uma crise econômica. Mas isso precisa ter, evidentemente, o envolvimento de quem é responsável no Parlamento para que se desenvolva condições de retomar o crescimento econômico, seja do Brasil, seja da Itália. A Itália é um parceiro comercial importante, está entre os 10 parceiros comerciais do Brasil, e as relações comerciais são, de fato, um ponto muito importante a ser desenvolvido pela nossa candidatura agora, mas como atividade no Parlamento.   

Qual é a proposta do senhor para aproximar Brasil e Itália na cultura e no turismo? Essa é uma das atividades a que eu mais me dedico, porque eu sou ex-aluno, ex-professor e agora conselheiro do Centro de Cultura Italiana no Paraná e Santa Catarina. É um trabalho já de 30 anos na área, conheço muito bem o setor, já tivemos 25 mil alunos inscritos, desde crianças até adultos. É uma área onde atuo bastante, tenho conhecimento do assunto. E o que nós precisamos fazer é manter aquilo que existe e que foi diminuído nos últimos governos, e muito, que são os recursos para a língua e cultura italiana. Essa é uma briga com a qual eu tenho bastante coisa para contribuir, tenho bastante trabalho a fazer.   

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Nos últimos anos, apenas um primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, veio ao Brasil, e por causa das Olimpíadas. A Itália negligenciou as relações com o Brasil e vice-versa? Não creio que isso seja de propósito. Os políticos, especialmente os primeiros-ministros, fazem as visitas de acordo com o interesse que existe no momento apropriado. E eram as Olimpíadas, que é um fato mundial, então é natural que, tendo uma comunidade de 30 milhões de pessoas de origem italiana, chamadas oriundi, ele viesse aqui para dar um recado para essa população que aqui vive. Do Vêneto, por exemplo, do qual eu sou o consultor para a região no Paraná, nós recebemos no ano passado, no Rio Grande do Sul, a visita do Luca Zaia, que é o governador do Vêneto. Então, politicamente, existe muita possibilidade, e a Itália, sim, tem interesse, e o Brasil também, de desenvolver essa área.   

As eleições de outubro no Brasil podem facilitar a retomada das relações com a Itália? Nós vivemos um momento conturbado politicamente, seja no Brasil como na Itália. Depois de Mãos Limpas, na Itália Mani Pulite, e aqui no Brasil a Lava Jato, é só diferença de 10 anos, mas a origem, o desenvolvimento, julgamentos e as consequências, acredito que são bastante parecidos. Então não vejo como isso não interfira na política nacional. Eu sempre digo “vamos passar o país a limpo”, isso falo do Brasil. Na Itália, isso não aconteceu exatamente dessa forma, porque até mesmo líderes da operação, politicamente, não conseguiram, como o Di Pietro, ter uma importância muito relevante no cenário político. Mas acredito, sim, sempre é tempo de renovação, sempre é tempo de melhorar as relações políticas, sim.   

O senhor é a favor da extradição de Cesare Battisti pelo governo brasileiro? Eu, como advogado, costumo dizer a todos que tem que ser cumprida a lei. Existe uma lei, boa ou ruim, ela deve ser cumprida, e se existe um tribunal, um julgamento, também deve ser aceito. Vamos discutir se o impeachment da Dilma é jurídico ou político? A decisão que se refere à extradição de Cesare Battisti foi uma decisão tomada pelo Lula no último momento.   

Essa é uma prerrogativa dele, e bem ou mal ele tomou essa decisão. É claro que eu sou a favor de que todo condenado que tenha cometido efetivamente um crime tem que pagar por ele. Não estou aqui como advogado defendendo ninguém, mas tem que se seguir o devido processo legal.   

Os defensores de Battisti acusam a Itália de tentar interferir nas instituições do Brasil ao pedir novamente sua extradição, mesmo depois das decisões tomadas pelo presidente da República (Lula) e pelo Supremo Tribunal Federal. O que o senhor pensa dessa visão? Já quando ele fugiu para o Brasil, ele estava erradicado na França sob a tutela de um acordo político para protegê-lo dessa condenação. Eu não entendo que isso seja motivo para tanta discussão. Tudo bem que ele é uma figura que acabou se tornando bastante conhecida e objeto de muita exploração política, de um lado e de outro. Eu acho que ele tem que ser extraditado, sim, e pagar. Se existem provas, e aí temos que falar em processos, de que ele cometeu os crimes, ele tem que pagar. (Continua)


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