Os eleitores da Eslováquia comparecem às urnas neste sábado (30) para legislativas que determinarão a política externa do país e o apoio de Bratislava à Ucrânia nos próximos anos.

A votação no país do centro da Europa de 5,4 milhões de habitantes, membro da União Europeia e da Otan, terminará às 20H00 GMT (17H00 de Brasília). Os resultados devem ser divulgados no domingo.

A grande disputa envolve o partido Smer-SD, do ex-primeiro-ministro Robert Fico, e a legenda Eslováquia Progressista, de Michal Simecka, vice-presidente do Parlamento Europeu.

O vencedor precisará do apoio de partidos menores para alcançar a maioria no Parlamento, que tem 150 cadeiras. O próximo governo sucederá o Executivo de coalizão de centro-direita, no poder desde 2020 – e que mudou três vezes em três anos.

A campanha foi marcada por divergências entre os candidatos. Fico atacou tanto a UE como a Otan, assim como minoria LGBTQIA+.

Ele também afirmou que é contra a continuidade da ajuda militar à Ucrânia, que luta contra a invasão russa desde fevereiro de 2022. A Eslováquia foi o primeiro país membro da Otan a entregar aviões de combate a Kiev, caças MiG do período soviético.

Simecka propôs exatamente o contrário e prometeu livrar a Eslováquia do “passado”, em referência aos três mandatos de Robert Fico como primeiro-ministro (2006-2010 e 2012-2018).

“Estas eleições são decisivas para a futura orientação de nosso país em termos de política externa, defesa e segurança, mas também para o futuro da democracia”, declarou à AFP o cientista político Grigorij Meseznikov.

A campanha foi marcada por uma onda de desinformação que atingiu metade da população, segundo analistas.

Nos últimos dias, Simecka foi vítima de um vídeo com informações falsas.

Em uma entrevista à AFP durante a semana, a presidente da Eslováquia, Zuzana Caputova, criticou a campanha marcada por “emoções como a raiva e o ódio”.

A eleição para os possíveis aliados do partido vencedor também é complexa, pois 11 partidos podem entrar para o Parlamento.

Os potenciais aliados de Fico, também contrários a prosseguir com a ajuda militar à Ucrânia, são o partido República, de extrema-direita, e o Partido Nacional Eslovaco (SNS), com o qual o ex-premiê já governou em mandatos anteriores.

O Eslováquia Progressista poderia recorrer aos partidos da atual coalizão de centro-direita.

Fico renunciou ao cargo de chefe de Governo em 2018 após a onda indignação provocada pelo assassinato do jornalista investigativo Jan Kuciak e sua companheira, Martina Kusnirova.

Kuciak havia revelado a existência de supostos vínculos entre a máfia italiana e o governo de Fico.

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