SÃO PAULO, 15 FEV (ANSA) – Helena Montanarini é candidata ao Senado pela lista Cívica Popular e representa o movimento Paixão Itália.   

Formada em desenho industrial, ela tem longa carreira no setor de moda e implantou mais de 60 marcas italianas no Brasil. Atuou como jornalista em revistas do segmento e palestrou no Milano Fashion Global Summit.   

Atualmente, Montanarini é publisher e editora do jornal “aQuadra” e vice-presidente da União Siciliana dos Emigrados e Família (Usef).   

As trocas comerciais entre Brasil e Itália caíram mais de 30% desde 2013, ano das últimas eleições legislativas italianas. O que a senhora propõe para recuperar as relações entre os dois países no âmbito do comércio? Existe realmente um reflexo do momento político. Tanto o Brasil quanto a Itália estão nessa crise, e é normal que as relações políticas e comerciais acabem diminuindo. Isso tem tudo a ver com o momento que os países estão vivendo. Só que eu acho que nós deveríamos ir para frente, seguir adiante. E propor acordos bilaterais entre os países, para que a gente não perca essas relações.   

Qual é a proposta da senhora para aproximar Brasil e Itália na cultura e no turismo? No turismo, eu acho que tem um trabalho até menor a ser feito do que na área cultural. Os brasileiros visitam a Itália cada vez mais. Existe até uma pesquisa do Enit que fala que o Brasil é o terceiro país que mais visita a Itália. Também em relação ao turismo dos italianos no Brasil, você teve as Olimpíadas, a Copa. Acho que essa não é tanto uma preocupação. A preocupação maior – tem a ver também com minha história – é a cultura. Eu acho que a gente tem que implementar na área da cultura muitos projetos e fazer com que a arte brasileira possa ser vista lá fora, mas a arte italiana aqui no Brasil [também].   

Nos últimos anos, apenas um primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, veio ao Brasil, e por causa das Olimpíadas. A Itália negligenciou as relações políticas com o Brasil e vice-versa? Negligenciado eu não diria, porque é aquilo que eu falei: o fato de diminuir as agendas pode ser também um fator dessa crise política. Os países estão muito mais interessados neles do que nos outros países. Quando o primeiro-ministro Matteo Renzi veio aqui, eu até estive nessa visita, eu acho que são anos que não foram fáceis nem para a Itália nem para o Brasil. No Brasil, a gente teve troca de presidente, a Itália também teve troca de presidentes, de ministros.   

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As eleições de outubro no Brasil podem facilitar a retomada das relações com a Itália? Eu acho que sim. Eu acho que essas eleições de outubro vão ser importantes na decisão das relações, e também o resultado das eleições do dia 4. Essa estabilidade que a gente espera nos dois países é que vai ser o canal de relacionamento entre os dois países. Está todo mundo com bastante esperanças de que cada uma das eleições, seja no Brasil, seja na Itália, nos traga benefícios, partidos corretos e partidos com propostas mais objetivas de renovar e não deixar a gente ficar nessa mesmice de sempre.   

A senhora é a favor da extradição de Cesare Battisti pelo governo brasileiro? Eu vivi de perto essa questão. Eu trabalho com moda e frequento uma feira em Florença, que chama Pitti Uomo. Em 2012, eu estava trabalhando lá, e quando terminamos o trabalho, na saída teve uma manifestação de cartazes falando aos brasileiros, pedindo a extradição de Battisti. Foi uma coisa que não esperávamos. O diretor da Pitti me perguntou se eu podia me encontrar com o prefeito da cidade na época, o Matteo Renzi. Me encontrei, e ele me entregou em mãos uma carta para a presidente Dilma, pedindo que ela reconsiderasse a extradição de Battisti. Eu mesma senti a dor dos italianos e descendentes que sofreram.   

Os defensores de Battisti acusam a Itália de tentar interferir nas instituições do Brasil ao pedir novamente sua extradição, mesmo depois das decisões tomadas pelo presidente da República (Lula) e pelo Supremo Tribunal Federal. O que a senhora pensa dessa visão? Existem esses acordos bilaterais, foi assinado. Eu li muito a respeito na época em que tive essa experiência. Existe esse acordo que o poder é conferido ao presidente, existe aí um conflito entre o acordo e a diplomacia. Então é uma soberania nacional. (Continua)


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