SÃO PAULO, 15 FEV (ANSA) – A comunidade de ítalo-descendentes no Brasil reclama bastante das filas para reconhecimento de cidadania nos consulados. O que o senhor propõe para melhorar essa situação? Na realidade, a fila da cidadania é uma questão muito triste, em especial para o Brasil, e eu vou dizer por quê. Se a gente pegar o nosso país irmão, que é a Argentina, o país vizinho nosso, você vai verificar que tem uma população quatro vezes menor que a do Brasil, mas seu eleitorado, ou seja, quem tem a cidadania italiana, representa mais de 50% do que os brasileiros. Ou seja, eles têm oito vezes mais cidadãos italianos proporcionalmente do que tem o Brasil. E isso diz respeito a uma política pública para a questão dos consulados. Os consulados, todos, precisam de atenção do Ministério de Relações Exteriores, e isso não vem acontecendo.   

O senhor é a favor da imposição de um limite de geração à concessão de cidadania jus sanguinis, como propôs um senador italiano no fim do ano passado? Eu acho que a questão do limite de gerações é algo que não vai passar. Quem está no outro país, fora da Itália, e tem a italianidade, tem a Itália como sua segunda pátria, e tem a Itália como sua referência de vida e de família, sempre terá direito à questão da cidadania italiana, independentemente se é filho, se é neto, se é bisneto, etc, etc, etc. Portanto, eu não defendo o limite de geração para a concessão de cidadania.   

Um dos projetos que ficaram pendentes na última legislatura italiana foi o do jus soli. Se eleito, o senhor defenderá a aprovação dessa lei? A questão do jus soli é muito polêmica, mas meu posicionamento pessoal é que a Itália, exatamente pelo nível de imigração que tem recebido, não deva fazer essa aprovação. Eu, particularmente, sou contra nos termos em que foi colocado, porque senão basta o sujeito fazer a imigração e ele acaba sendo cidadão italiano, ou seus filhos, porque nasceram em solo italiano. E, de repente, você tem que criar toda uma infraestrutura de saúde, previdência, para pessoas que acabaram de chegar e que, eventualmente, não contribuíram ainda para o governo italiano.   

Nos últimos anos, a Itália foi destino de um dos maiores deslocamentos em massa desde a Segunda Guerra Mundial. Qual, na visão do senhor, deve ser a postura do governo para lidar com a crise migratória e de refugiados no Mediterrâneo? Nós, enquanto italianos no Brasil, somos imigrantes. A minha família, e a de muitos que estão nos acompanhando, certamente vieram para o Brasil e, portanto, os imigrantes devem ser respeitados, como, aliás, têm sido muito respeitados na Itália.   

Mas o que você não pode fazer é deixar de ter, como a Itália deixa de ter hoje, uma política pública para os ítalo-descendentes, independentemente de ser brasileiro, americano ou argentino, para que possam retornar à Itália e lá trabalharem ou empreenderem. Eu defendo uma política pública, porque você pode ter lá o indiano, indonésio, chinês, participando da Itália como imigrante, mas se deve dar preferência para aquele que é de origem italiana fora da Itália.   

Quem é o candidato ou candidata do senhor a primeiro-ministro nas eleições de março? Nós atuamos em bloco, e o Passione Italia, intimamente ligado à questão Civica Popolare, tem como candidata a primeira-ministra a ministra [Beatrice] Lorenzin, que é ministra da Saúde, e nós vamos acompanhar o voto da nossa chefe de lista, que é a deputada Renata Bueno. Aonde ela apontar, e ela certamente vai apontar na direção da Lorenzin – vocês podem inclusive acompanhar a entrevista dela -, nós acompanharemos, porque fazemos parte de um grupo, de um time. Nós fazemos parte da squadra Passione Italia, aqueles que são apaixonados pela Itália e desejam o melhor para o seu povo. (ANSA)