SÃO PAULO, 15 FEV (ANSA) – O senhor é a favor da imposição de um limite de geração à concessão de cidadania jus sanguinis, como propôs um senador italiano no fim do ano passado? Não, absolutamente não. Não pode haver nenhum tipo de limitação no jus sanguinis. Todas as tentativas que existiram foram bloqueadas pelo próprio PD. Aquilo que aconteceu e o debate que se faz hoje é fruto da iniciativa de um senador que está na base de um partido da oposição, Liberi e Uguali. Eu gostaria também que eles se pronunciassem sobre isso, porque o PD não comunga com esse tipo de limitação. Graças ao jus sanguinis, eu, que sou bisneto de agricultores imigrantes de Mantova, na Itália, consegui a minha cidadania, e graças a ela consegui também dar continuidade aos meus estudos, aos meus trabalhos na Itália, e hoje sou um profissional realizado graças à cidadania italiana.   

Um dos projetos que ficaram pendentes na última legislatura italiana foi o do jus soli. Se eleito, o senhor defenderá a aprovação dessa lei? O jus soli pode e deve ser discutido, entretanto, com limitações. Ele não pode ser concedido indiscriminadamente a imigrantes. Nós temos que criar mecanismos, como, por exemplo, o número mínimo de anos de estudo para reconhecer essa cidadania àqueles que imigraram para a Itália, e isso só pode se dar para aquelas pessoas que entraram regularmente no território italiano e europeu.   

Nos últimos anos, a Itália foi destino de um dos maiores deslocamentos em massa desde a Segunda Guerra Mundial. Qual, na visão do senhor, deve ser a postura do governo para lidar com a crise migratória e de refugiados no Mediterrâneo? A postura da Itália deve ser aquela tomada de forma conjunta, discutida, debatida com a União Europeia. Aliás, o PD é o único partido que defende pública e abertamente uma União Europeia forte e unida. E essa questão, que diz respeito a uma crise mundial de valores, tem que ser avaliada de maneira não discriminatória, de maneira que abrace também a justiça social e as oportunidades para aqueles que estão entrando no nosso território. Não podemos jamais esquecer que, no passado, foram os italianos que migraram, e não podemos jamais esquecer que foram eles que vieram para o Brasil e ajudaram a construir a realidade desse país, que hoje é um gigante graças às diversas etnias que aqui aportaram. A começar por italianos, mas não se limita a eles.   

Quem é o candidato ou candidata do senhor a primeiro-ministro nas eleições de março? É o nosso Matteo Renzi, secretário do partido, que vem trabalhando nesse sentido, para ter uma base que possa lhe dar suporte. Foi o primeiro-ministro da Itália antes do primeiro-ministro [Paolo] Gentiloni. Forte, dinâmico, determinado, uma pessoa competente e capaz que, sem dúvida alguma, poderá nos guiar nesse momento de definições. (ANSA)