SÃO PAULO, 15 FEV (ANSA) – A comunidade de ítalo-descendentes no Brasil reclama bastante das filas para reconhecimento de cidadania nos consulados. O que o senhor propõe para melhorar essa situação? Não somente tenho uma proposta, mas tenho uma solução que já foi aprovada no Parlamento italiano. Eu aprovei a emenda que vai liberar 4 milhões de euros, que inclusive estão já chegando nos consulados do mundo inteiro, principalmente do Brasil. Ou seja, a contribuição que o cidadão paga pela cidadania, pela primeira vez na história da Itália vai ser revertida para os consulados.   

Os consulados vão contratar novas pessoas, e dentro de um ano, no máximo dois anos, nós teremos pessoas contratadas para solucionar o problema. Não existe milagre, não existe fantasia.   

Esta é uma solução concreta, que os italianos do Brasil vão ver nos próximos dias.   

O senhor é a favor da imposição de um limite de geração à concessão de cidadania jus sanguinis, como propôs um senador italiano no fim do ano passado? Não, eu fui contra essa decisão, essa proposta que foi feita inclusive no Senado pouco tempo atrás. Eu, através do meu grupo, do grupo do Partido Democrático, consegui barrar essa proposta.   

Sou um grande apoiador dos itálicos, ou seja, do patrimônio representado pela comunidade italiana e pelos ítalo-descendentes no mundo. Penso que o problema não é limitar a cidadania, mas valorizar, dar valor, dar instrumentos para que os cidadãos italianos no mundo inteiro possam participar, possam se integrar mais com língua, cultura, comércio, às decisões da política e da vida italiana.   

Um dos projetos que ficaram pendentes na última legislatura italiana foi o do jus soli. Se eleito, o senhor defenderá a aprovação dessa lei? Eu sempre falei que o jus soli não está em contradição com o jus sanguinis. Se hoje no Brasil, na Argentina, no mundo inteiro, os italianos são tão integrados nestes países, é porque o jus soli permitiu que os cidadãos italianos se tornassem cidadãos do mundo. Então a mesma abertura que os outros países tiveram em relação aos italianos, os italianos têm que ter em relação aos estrangeiros. Não é um jus soli aberto, o jus soli que estamos propondo é um jus soli temperado, somente depois de cinco anos, somente para quem fez um curso escolástico completo. Nesse sentido, o jus soli e o jus sanguinis são uma força pelo crescimento futuro da Itália.   

Nos últimos anos, a Itália foi destino de um dos maiores deslocamentos em massa desde a Segunda Guerra Mundial. Qual, na visão do senhor, deve ser a postura do governo para lidar com a crise migratória e de refugiados no Mediterrâneo? A postura do nosso governo é muito clara. Essa é uma crise que a Itália não pode enfrentar sozinha, essa é uma crise que a União Europeia tem que enfrentar de forma compartilhada. Os imigrantes que chegam na Itália devem ser distribuídos nos demais países europeus e devem ser acolhidos pela Itália na medida em que existe a possibilidade de acolher essas pessoas – emprego, saúde e quanto o mais. Uma política europeia, uma política compartilhada nesse sentido, é a única resposta séria que podemos oferecer para um problema mundial, um problema que o papa Francisco nunca esquece de nos lembrar, porque a política é também a solução dos problemas das pessoas mais pobres e mais injustiçadas.   

Quem é o candidato ou candidata do senhor a primeiro-ministro nas eleições de março? O nosso candidato é o secretário do nosso partido, o Matteo Renzi, que já foi primeiro-ministro, mostrando capacidade, liderança e grande respeito a nível internacional. O nosso partido, sendo a República italiana parlamentarista, tem outras pessoas que o presidente da República pode indicar como primeiro-ministro. O atual primeiro-ministro Paolo Gentiloni também mostrou grandíssima capacidade de liderar o governo do país. Então meu candidato é o Matteo Renzi, mas tenho certeza que o Partido Democrático pode oferecer também outras soluções ao presidente da República no momento em que ele indicar alguém para governar o país, a nossa Itália. (ANSA)