CIDADE DO MÉXICO, 29 JUN (ANSA) – Após uma das campanhas mais violentas de sua história, o México deve passar por uma profunda mudança em seu mapa político nas eleições de 1º de julho, que têm como favorito o esquerdista Movimento Regeneração Nacional (Morena), criado em 2011.
Segundo a maioria das pesquisas, o partido do candidato a presidente Andrés López Obrador, também favorito, deve tomar o controle do Parlamento e relegar o até então dominante Partido Revolucionário Institucional (PRI), de centro-direita, a uma posição minoritária.
“A estrutura do sistema político mexicano mudará profundamente”, avalia o analista Enrique Quintana, ao vaticinar o iminente redimensionamento do PRI, a legenda mais antiga da América Latina, com quase 90 anos de existência. O partido governa o México desde 1929, com uma única pausa, entre 2000 e 2012.
“Ainda que o PRI e o PAN [Partido Ação Nacional, de direita] mantenham certa presença no Legislativo e o controle de alguns estados, o próximo governo conviverá com uma oposição dizimada, com dificuldades para se levantar e competir de novo”, reforça a acadêmica Denise Dresser.
As pesquisas mostram que o Morena deve conquistar cerca de 40% da Câmara e do Senado e se tornar a principal força política nacional, o que aumentará sua capacidade de atrair parlamentares de outras bancadas e realizar as promessas de López Obrador.
Cogita-se até que o partido possa ter a maioria absoluta nas duas Casas, algo que não acontece para uma sigla no poder desde 1994.
Isso daria a Obrador, que lidera todas as sondagens, o poder de realizar emendas constitucionais, que exigem maioria qualificada. No entanto, se para o PRI as eleições podem ser uma catástrofe, para o Partido da Revolução Democrática (PRD), até então principal referência na esquerda, a situação pode se tornar apocalíptica, já que a sigla corre o risco de praticamente desaparecer do espectro político.
“O certo é que o México se encaminha para dar posse a um novo tlatoani”, diz Dresser, em referência a como os astecas chamavam seus líderes com poderes absolutos. Além do presidente, os mexicanos elegerão em 1º de julho 500 deputados federais, 128 senadores e nove governadores.
Segundo o último relatório da consultoria Etellekt, a campanha eleitoral no país contabiliza 133 mortes de políticos e 50 de seus familiares, números que apenas refletem a realidade do país. Entre 2006 e 2018, mais de 250 mil pessoas foram assassinadas no México, fruto principalmente da atividade de narcotraficantes. (ANSA)