SÃO PAULO, 15 FEV (ANSA) – Médico oftalmologista, Antonio Aldo Chianello, do Movimento Associativo dos Italianos no Exterior (Maie), é candidato ao Senado ao lado do presidente da legenda, o argentino Ricardo Merlo. Ele comanda a Sociedade Italiana de Beneficência e Mútuo Socorro e o Hospital Casa Italiana, ambos situados no Rio de Janeiro. Além disso, é membro da direção da Aliança dos Hospitais Italianos no Mundo, com sede em Roma.   

Chianello também foi presidente da Associação Cultural Ítalo-Brasileira (Acib) do Rio.   

As trocas comerciais entre Brasil e Itália caíram mais de 30% desde 2013, ano das últimas eleições legislativas italianas. O que o senhor propõe para recuperar as relações entre os dois países no âmbito do comércio? Nessa parte comercial, o que a gente tem que pensar é que hoje são quase 36 milhões de [pessoas de] origem italiana, então o “made in Italy” é muito importante. Esse intercâmbio entre Brasil e Itália, nós poderíamos promover com muito mais facilidade em vários setores, inclusive promovendo a própria língua italiana, que praticamente ficou largada depois de um tempo. A área de saúde, intercâmbio entre médicos, enfermeiros.   

Nós iríamos agilizar principalmente com as câmaras de comércio.   

Qual é a proposta do senhor para aproximar Brasil e Itália na cultura e no turismo? A cultura, eu acabei de falar. Eu venho de origem calabresa, e minha primeira língua, na realidade, foi um dialeto italiano, que quando eu fui na escola, eu nem sabia falar português. Nós precisamos, antes de mais nada, também promover… Não digo com inglês nem com o espanhol, mas nós somos muito mais do que franceses aqui, então poderíamos promover a língua italiana junto com universidades. Isso é fundamental, porque vai criar o turismo na Itália.   

Nos últimos anos, apenas um primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, veio ao Brasil, e por causa das Olimpíadas. A Itália negligenciou as relações com o Brasil e vice-versa? Eu acredito que nós poderíamos ter aproveitado muito mais essa vinda do primeiro-ministro. Porque, na realidade, me pareceu uma vinda mais turística, e nós teríamos que aproveitar a área comercial de uma maneira mais ampla. Precisamos divulgar muito o “made in Italy”, e nós, ítalo-brasileiros, descendentes na América do Sul, nós somos os embaixadores da Itália, cada um de nós é embaixador em todas as áreas, na alimentação, no armamento, no intercâmbio na área médica, na área de saúde.   

As eleições de outubro no Brasil podem facilitar a retomada das relações com a Itália? Acredito, sim. Acredito que, como falei anteriormente, um governo com mais estabilidade, votado pelo povo, eu acho que vai fazer com que essa relação seja mais duradoura. E é importante também que esses parlamentares que são eleitos na América do Sul, no exterior, também lutem por esses italianos, porque essa é a nossa ideia. Nós temos que ser os representantes e defender essa comunidade no exterior.   

O senhor é a favor da extradição de Cesare Battisti pelo governo brasileiro? Eu poderia dizer imediatamente sim. Mas esse sim… É importante dizer que ele já foi julgado na Itália, foi julgado no Brasil, pelos juristas e tudo, e foi feito para que ele fosse extraditado. Mas, infelizmente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva achou que [Battisti] era um preso político. E, na realidade, ele foi julgado por matar cidadãos de bem. Então sou a favor de que ele deveria ter sido extraditado, sim.   

Os defensores de Battisti acusam a Itália de tentar interferir nas instituições do Brasil ao pedir novamente sua extradição, mesmo depois das decisões tomadas pelo presidente da República (Lula) e pelo Supremo Tribunal Federal. O que o senhor pensa dessa visão? Aí é uma questão política, de interesses. Eu sou a favor que a lei seja cumprida. Ele na Itália foi julgado e condenado. E aqui no Brasil, também nos trâmites legais, ele foi condenado. Ele ficou na mão do presidente, e nós vimos o que vimos hoje, o que está acontecendo no Brasil. Um presidente que não sabe de nada, está sempre mentindo, e uma mentira acaba virando verdade. E um povo que tá faltando educação, saúde, segurança, acompanha.   

A comunidade de ítalo-descendentes no Brasil reclama bastante das filas para reconhecimento de cidadania nos consulados. O que o senhor propõe para melhorar essa situação? Na realidade, uma das minhas propostas é trabalhar para reorganizar todo o sistema atual consular, pois entendo que esse problema é muito grande. Então a gente tem que fazer novas contratações, melhorar as estruturas, senão não vamos andar adiante. E não adianta só promessa, temos que criar a lei que faça com que isso aconteça.   

O senhor é a favor da imposição de um limite de geração à concessão de cidadania jus sanguinis, como propôs um senador italiano no fim do ano passado? Não, eu acho que isso já está na Constituição italiana. Como eu digo sempre: eu nasci no Brasil, no Rio de Janeiro, meus pais saíram no pós-guerra, e as histórias de mandar verba para a Itália para sustentar família, minha mãe com meu irmão mais velho? Ele ficou seis anos sozinho para poder trabalhar para trazer a família. Todo esse amor que nós temos pela Itália, eu, meus irmãos, minha esposa, meus netos agora, o sangue é muito importante. Sou a favor que isso continue do jeito que está.   

(Continua)