14/09/2024 - 7:00
Em seus planos de governo, disponíveis no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), os candidatos à Prefeitura de São Paulo nas eleições municipais de 2024 abordam um tema frequentemente discutido pelos paulistanos: mobilidade urbana. Os concorrentes Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) citam a tarifa zero no transporte público, enquanto Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB) não tratam do assunto.
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Em uma série especial, o site IstoÉ analisou as propostas de cada um dos cinco principais candidatos, destacando suas estratégias para as áreas. Nesta reportagem, detalhamos as abordagens para a questão do deslocamento urbano, seja público ou privado. Veja como pensam os postulantes à administração da capital paulista.
Guilherme Boulos
O deputado federal e candidato pelo PSOL, Guilherme Boulos, aborda a necessidade de ampliação dos trechos viários como tráfego exclusivo para ônibus, como os BRTs, corredores e faixas exclusivas. Para isso, ele cita as construções de oito corredores de ônibus: Aricanduva, Radial Leste (trechos 1, 2 e 3), Miguel Yunes, M’Boi Mirim, Celso Garcia, Itaim-São Mateus (Perimetral Leste), Norte-Sul e Perimetral Bandeirantes.
O psolista afirma que pretende ampliar a tarifa zero nos ônibus municipais, que atualmente é aplicada somente aos domingos, e menciona que isso será feito de forma “gradual e com responsabilidade fiscal”, porém não dá maiores detalhes sobre a medida.
Além disso, o candidato aborda a importância de investimentos em políticas públicas para ciclistas, ampliação de ciclovias e a integração de bicicletários a terminais de transporte coletivo.
Boulos também deseja aumentar o programa TEG (Transporte Escolar Gratuito) da Prefeitura de São Paulo e menciona um estudo para reduzir a distância mínima entre casa e escola. Essa medida, segundo o psolista, pode contribuir no combate à evasão escolar no município.
José Luiz Datena
O candidato José Luiz Datena (PSDB) promete entregar faixas de ônibus, corredores, ciclovias e motofaixas que foram “prometidas pela atual gestão, mas não entregues”. Porém não há metas estabelecidas para nenhum dos modais.
O tucano também pretende tirar do papel o projeto de VLT no centro e ressalta que, se eleito, vai “apoiar a expansão do transporte sobre trilhos”, apesar de reconhecer, em seguida, que isso é de competência governamental. Na questão do transporte coletivo, o jornalista diz que fará uma auditoria nos contratos de concessão dos ônibus municipais, “para afastar qualquer suspeita de conexão com o crime organizado”.
Em seu plano de governo, o apresentador de TV afirma que pretende estabelecer uma política tarifária voltada a assegurar cobranças justas para todos os usuários, pois, na sua visão, não adianta ter tarifa zero aos domingos e a população ter de pagar caro no transporte público nos outros dias da semana. No entanto, o candidato não se aprofunda nesta questão.
Embora Datena tenha negado em seu plano de governo zerar a tarifa, seu vice José Aníbal (PSDB) afirmou em entrevista à Rádio Bandeirantes, no dia 11 de setembro, que a chapa pretende implementar a medida durante a semana inteira para quem estiver no CadÚnico e no Bolsa Família.
Pablo Marçal
As propostas do empresário e influenciador Pablo Marçal focam na criação de bolsões de estacionamento próximos a estações de transporte urbano, como terminais de ônibus e paradas de metrô. Pois assim, segundo ele, o usuário poderá se deslocar de carro até a estação e, do local, seguir para o seu destino utilizando o modal coletivo.
O plano de governo de Marçal também sugere liberar a faixa da direita para veículos com mais ocupantes durante o horário de pico, no intuito de incentivar o carpooling (carona solidária) e reduzir desse modo o número de carros nas vias principais. Além disso, as propostas constam a permissão para virar no semáforo à direita, a criação de vias expressas nas marginais Tietê e Pinheiros e a instalação de um teleférico nas periferias da cidade.
Ricardo Nunes
O atual prefeito de São Paulo e concorrente à reeleição, Ricardo Nunes, propõe em seu plano de governo a continuação do projeto de descarbonização da frota de ônibus, substituição dos veículos a diesel por carros com motores não poluentes e a ampliação da frota escolar e de táxis.
Nunes cita a proposta “Domingão Tarifa Zero” com ônibus municipais gratuitos aos domingos que, segundo ele, incentiva o uso do transporte público e o acesso a equipamentos de lazer. Ele ainda cita a conclusão de oito obras de corredores de ônibus e BRTs, além do início de mais seis instalações do tipo.
O emedebista também quer dobrar a faixa azul, a “motofaixa”, de 200 km para mais de 400 km. Ele ainda cita investimentos em “duplicação de avenidas, novas pontes e construção de novas vias”, além disso pretende diversificar os modais de transporte por meio da ampliação do Aquático SP, conectando a represa Billings a Guarapiranga, e da implementação de um veículo leve sobre trilhos no centro de São Paulo.
Tabata Amaral
A deputada federal Tabata Amaral apresenta em seu plano de governo a criação de um sistema inteligente de gerenciamento de tráfego, pois, de acordo com ela, isso permitirá a criação de “ondas” de semáforos verdes para auxiliar no fluxo de veículos.
Ela ainda pretende ampliar o uso de bicicletas e outros modais de mobilidade ativa com a expansão do número de bicicletários em terminais de ônibus e estações da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e Metrô.
Na questão do transporte público, a candidata propõe a implementação de um painel eletrônico dos terminais e paradas de ônibus para mostrar os horários de chegada dos veículos. Além disso, pretende criar um sistema de bilhetagem para permitir os pagamentos de tarifas com cartões de débito e crédito, e implementar um programa integrado de gestão de tráfego entre os municípios da região metropolitana da cidade.
Esta matéria é a terceira de uma série de cinco reportagens focadas nas grandes questões que impactam a cidade de São Paulo e devem ser enfrentadas por quem assumir a sua gestão a partir de 2025.