O financiamento coletivo de campanhas políticas, mais conhecidas como ‘vaquinhas virtuais’, não é novo no Brasil. A Justiça Eleitoral permite oficialmente a arrecadação de micro doações de eleitores a candidatos desde 2017. O país registrou aumento de 34% neste tipo de apoio direto do cidadão a políticos de sua preferência entre as eleições de 2020 (R$ 15,8 milhões) e 2022 (R$ 21,2 milhões), conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Apesar do crescimento expressivo, os montantes foram uma fração pequena se comparado com o gasto de R$ 9,9 bilhões realizado por partidos e candidatos nas eleições municipais de 2020. Mas especialistas apontam que a vaquinha virtual pode crescer na corrida eleitoral de 2024, quando milhares de pessoas pretendem disputar os cargos de vereador e prefeito.

O maior desafio de plataformas que oferecem a estrutura necessária para a captação de recursos, porém, é fazer os candidatos conhecerem as ferramentas. A estratégia das empresas proprietárias das plataformas tem sido a de apresentar a vaquinha virtual como mecanismo importante para cativar o eleitor a doar a partir de uma estratégia de campanha focada na participação do eleitor do mandato vitorioso nas urnas.

João Reis, CEO Azul Pagamentos, uma das principais plataformas de micro doações homologadas pelo TSE, afirma que candidatos a vereadores nos 5.565 municípios têm mais dificuldade para entender o papel das plataformas como ferramentas de marketing político para fidelizar eleitores. “Existe mais dificuldade entre candidatos a vereador, que costumam ter menos compreensão de como funciona o financiamento coletivo”, diz.

Segundo ele, as empresas estão estruturando materiais de publicidade para atingir um número maior de candidatos e, com isso, elevar o potencial dos candidatos conseguirem levantar recursos diretamente junto ao eleitor identificado com suas causas. “Fizemos um material para facilitar o entendimento aos candidatos sobre como funciona a doação individual, que tem potencial enorme de crescer nas eleições de 2024”, afirma.

Conquistar partidos

Outro obstáculo, de acordo com Reis, é superar a capilaridade de candidaturas individuais para atuar junto aos partidos políticos, que reservam recursos do fundo eleitoral para candidatos mais famosos ou personagens de clã tradicionais nas cidades.

A resposta das empresas é articular com as legendas partidárias mostrando como facilitam a operacionalidade das campanhas. “Os repasses dos recursos aos candidatos dependem da abertura de três contas bancárias exigidas pelo TSE. Mas muitos gerentes de bancos não gostam de abrir esse tipo de conta, porque é um trabalho que não vai ser mantido. O uso é por um período curto, muito específico. Mas a nossa plataforma está integrada com essa estrutura disponibilizando contas digitais. Todos os dados contábeis são entregues por nós para o TSE, reduzindo o custo efetivo dos partidos e o risco jurídico”, observa.

O CEO da Azul Pagamentos diz que o bom desempenho na hora de cativar doadores pode ser decisivo para atrair atenção dos partidos. “Um candidato que desponta com doação individual chama atenção do partido, que decide investir na candidatura. A plataforma é uma maneira eficaz do partido acompanhar o candidato e dele se projetar para a legenda, por ter escala orgânica em razão de uma causa ou bandeira”, sugere.

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