A candidata do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, arrecadou US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) em apenas uma semana de campanha. Os doadores de primeira viagem foram responsáveis por 66% do valor, após uma onda de entusiasmo com a desistência do presidente Joe Biden de disputar a reeleição. O potencial do apoio em dinheiro por micro doadores começa a inspirar candidatos a prefeito e vereadores no Brasil.

Plataformas de “vaquinha virtual” estão desenhando estratégias para atrair esses candidatos e, junto com eles, estimular o eleitor pessoa física a se engajar na corrida eleitoral de outubro. O fenômeno de doações para a vice-presidente americana pode se repetir no Brasil, superando o engajamento do doador individual de pequenos valores assistido na disputa presidencial de 2022, quando as ferramentas ainda eram menos conhecidas.

A doação individual nos EUA existe desde os primórdios da democracia por lá. Mas é algo novo no Brasil. O financiamento coletivo por meio de plataformas e sites foi instituído pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2017, após mudanças na legislação realizadas pelo Congresso Nacional. A modalidade autoriza o eleitor a depositar seu dinheiro em candidatos e, aos poucos, cresce no país.

Houve aumento de 34% neste tipo de doação por pessoas físicas entre as eleições de 2020 (R$ 15,8 mihões) e 2022 (R$ 21,2 milhões), conforme dados do TSE. “Este ano, esse volume pode ser muito maior, dada a capilaridade das eleições municipais”, afirma João Reis, CEO da Azul Pagamentos, solução de arrecadação para candidatos homologada pelo TSE.

Democratizar mandatos

O crescimento expressivo do volume de micro doações está aquém do potencial de um país do tamanho do Brasil, onde as eleições municipais de 2020 custaram mais de R$ 9,9 bilhões. De acordo com o TSE, cerca de 44% do total teve origem privada concentrada em repasses de empresários.

O mecanismo é visto como importante para democratizar o financiamento de campanhas e aproximar mais o eleitor dos candidatos. “O micro doador doa para se engajar a uma causa, é mais humano. O financiamento individual dá mais poder ao povo, que passa a ter um registro documentando que o cidadão, como eleitor e doador, é parte do mandato do político. Existe um vínculo que estimula mais cobrança sobre o mandato”, avalia Reis.

Mas o desafio é dialogar com candidatos ainda presos ao modelo público de financiamento, especialmente postulantes a vereador – cargo para o qual os recursos do fundo partidário costumam ser repassados à conta gotas pela legenda. “Fizemos um material para facilitar o entendimento dos candidatos sobre como funciona a doação individual, que existe para ajudar o candidato a cativar o eleitor a aderir a sua estratégia de campanha”, diz o CEO da Azul Pagamentos.

Saiba mais em:
https://www.azulpagamentos.com.br/