19/09/2024 - 7:00
Mesmo não sendo uma atribuição direta da prefeitura, a segurança pública aparece como um dos pontos centrais dos planos de governos dos candidatos à administração da capital paulista nas eleições municipais de 2024. Como a sensação de insegurança preocupa os eleitores, os postulantes elencam suas estratégias para a área e citam diversas vezes a questão da cracolândia.
Em uma série especial, o site IstoÉ analisou as propostas de cada um dos cinco principais candidatos, destacando seus planos para a área de Segurança Pública, abordando o caso da Cracolândia e a atuação da GCM (Guarda Civil Municipal). Veja como pensam os postulantes Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).
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Guilherme Boulos
O deputado federal e candidato à Prefeitura de São Paulo propõe em seu plano de governo, no que tange as ações para combater a criminalidade na região central da cidade, um plano de ação integrada para atuar na Cracolândia que envolveria as secretarias municipais de Segurança Urbana, Saúde, Assistência Social e Direitos Humanos. O psolista também pretende criar uma inspetoria especial nos bairros da Luz, Campos Elíseos e Santa Efigênia para trabalhar junto às forças de segurança estaduais no enfrentamento ao tráfico de drogas e aos ferros-velhos irregulares na região.
Ainda na questão do centro, Boulos planeja recuperar as ruas comerciais com incentivos e linhas de créditos facilitadas aos comerciantes. No caso da GCM (Guarda Civil Municipal), o candidato afirma que dobrará o efetivo e colocará os agentes nas ruas, para atuar em locais onde há maior incidência de crimes.
Além disso, Boulos prevê que os guardas usem câmeras corporais, assim como a Polícia Militar do estado de São Paulo, e aborda a “valorização salarial e qualificação permanente” dos agentes. O psolista ainda cita o enfrentamento para a receptação de celulares roubados, usando como exemplo o modelo implementado no Piauí, no qual, com ações de inteligência, mapeia os comércios que revendem esses aparelhos, aplica multas e, em caso repetição, lacrar o estabelecimento.
Boulos também cita ações específicas para o combate à violência contra a mulher e a população LGBTQIA+.
José Luiz Datena
Conhecido por apresentar programas policiais, José Luiz Datena promete “atacar a criminalidade com a coragem e a autoridade que ela merece” e diz ao eleitor que “ninguém nessa disputa eleitoral tem mais condições e experiência para enfrentar a bandidagem” do que ele.
Na questão da GCM, o apresentador afirma que irá aumentar as armas letais, não-letais e a frota, além de promover treinamento e capacitação do efetivo. O candidato ainda defende o uso de câmeras corporais, e proteção no entorno das escolas públicas municipais.
Para combater a violência contra a mulher, Datena pretende ampliar as Patrulhas Guardiãs Maria da Penha, programa criado em 2014. O apresentador ainda destaca que em seu possível governo a tolerância será zero para o tráfico de drogas. “Vou atuar fortemente para impedir que a droga chegue às dezenas de cracolândias que políticas mal planejadas espalharam pela cidade”, completa.
Outras propostas do apresentador abordam o aumento do monitoramento por câmeras com reconhecimento facial pela cidade e a atuação em parceria com a Polícia Militar, no intuito de coibir os esquemas de receptação de celulares roubados.
Pablo Marçal
O empresário Pablo Marçal promete triplicar o efetivo da GCM e equipar os agentes “com os melhores armamentos e equipamentos de ponta”. Também prevê que os guardas reforcem as rondas nos bairros da cidade.
Em seu plano de governo, o candidato prevê investir em uma central de operações integrada de dados para coletar informações de diversas fontes – incluindo CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), escolas e postos de saúde – integradas por meio de parcerias com a iniciativa privada.
Na questão da Cracolândia, o empresário deseja promover a “Jornada da Prosperidade”, que tem como objetivo “transformar os programas sociais em trilhas de desenvolvimento pessoal” para que as pessoas “conquistem uma vida com dignidade e abundância”, passando por uma “trilha” de abordagem e acolhimento, capacitação profissional e geração de renda, não sendo específico para os dependentes químicos, porém como proposta geral de “desenvolvimento social”.
Ricardo Nunes
O atual prefeito e concorrente à reeleição, Ricardo Nunes também promete o aumento no número de GCMs, a modernização dos equipamentos, o treinamento contínuo dos agentes e a garantia de mais guardas nas periferias.
O candidato usa a maior parte do seu plano de governo dedicado à segurança para expor ações da sua atual gestão, e pouco resta para abordar propostas ainda a serem implementadas. Nunes também prevê programas preventivos voltados à proteção das mulheres, crianças e idosos vítimas de violência.
No documento, o prefeito aborda a expansão do programa “Smart Sampa”, voltado ao videomonitoramento por câmeras com tecnologia de biometria. Sobre a Cracolândia, Nunes não tem planos específicos, apenas diz que a abordagem multissetorial já adotada “reduziu drasticamente o número de usuários e ampliou o acesso às internações voluntárias para dependentes”.
Tabata Amaral
A deputada federal aborda em seu plano de governo as gratificações aos guardas municipais que atuam em locais com maior índice de criminalidade, e premiar aqueles que trabalham em inspetorias que reduzam os crimes. O plano de governo também inclui a armamentação dos guardas de acordo com as funções que precisam cumprir.
Ela também aborda ações de inteligência e integração de dados, contando com a colaboração do governo estadual, e cita reuniões periódicas entre polícias e subprefeituras, modelo que diz ser adotado em Nova York. Assim como Boulos, Tabata cita o exemplo do Piauí para atuar na repressão ao roubo de celulares na capital paulista.
A respeito da Cracolândia, a candidata diz que ações multissetoriais são importantes para enfrentar o problema e também propõe combater o crime organizado com atuação de inteligência, “atacando a economia” do crime e prendendo consistentemente os criminosos. Tabata ainda quer criar o “Centro de Justiça Restaurativa”, para “julgar imediatamente os crimes relacionados a drogas que ocorram na região central”.
Esta matéria é a quinta de uma série de cinco reportagens focadas nas grandes questões que impactam a cidade de São Paulo e devem ser enfrentadas por quem assumir a sua gestão a partir de 2025.