Foi Lula da Silva quem soltou dentro do PT e, depois no PSB, a ideia de ter Geraldo Alckmin como um potencial vice na chapa. A ideia inédita surpreendeu a ponto de ganhar a praça numa velocidade que mexeu com os brios do ex-governador.

+ Para Doria, caberá à opinião pública julgar associação de Alckmin a Lula
+ Em dobradinha, Dias e Alckmin criticam PT e Bolsonaro

O ainda tucano, de saída do ninho e abandonado por aliados, sentiu-se empoderado e deu conversa. Mas Alckmin é cauteloso, porque também articula sua filiação ao PSD. A insistência de Lula é o que mantém o canal aberto.

Aos que o indagam o porquê do diálogo entre eles, Alckmin lembra um episódio dentro do Palácio do Planalto, em 2005; ele governador, o petista presidente – para explicar o jeito Lula de negociar. Um episódio que o tucano já contou a este repórter 11 anos atrás.

Estavam a sós, e Lula colocou uma garrafa de cachaça premium na mesa de centro, no gabinete do terceiro andar. E insistiu por meia hora para o tucano beber umas doses durante o papo de “fim de expediente” daquele dia. Alma de padre, Alckmin recusou a todas as ofertas.

Em suma, a eleição de 2022 é a cachaça de ambos, hoje. De um lado, a persistência do petista. De outro, a cautela do interlocutor.

A política tem desses momentos. Que não se surpreenda o leitor se Alckmin surgir vice de Lula, mas filiado ao PSD. O partido de Gilberto Kassab tem alianças fortes com o PT em Estados com grandes colégios eleitorais, a exemplo do PSB – e Kassab abriu as portas primeiro para o tucano, a exemplo do PSB.