PERÚGIA E ROMA, 24 OUT (ANSA) – A eleição do próximo domingo (27) na Úmbria será o primeiro grande teste nas urnas para a coalizão “anti-Salvini” que governa a Itália desde setembro.   

Situada no centro do país, a região tem menos de 1 milhão de habitantes, mas virou cenário de uma batalha que pode ter repercussões em âmbito nacional.   

Aliados de ocasião no governo italiano, o populista Movimento 5 Estrelas (M5S) e o centro-esquerdista Partido Democrático (PD) decidiram se unir em uma inédita coalizão eleitoral para barrar a candidata do ex-ministro Matteo Salvini na Úmbria.   

As duas legendas se apresentarão com listas separadas na eleição para a Assembleia Legislativa regional, mas apoiarão um único candidato a governador, o independente Vincenzo Bianconi, presidente da associação local de hoteleiros.   

Ele desafiará Donatella Tesei, indicada por Salvini e apoiada por todos os partidos de direita, do moderado Força Itália (FI) ao extremista Irmãos da Itália (FDI), passando pela Liga. Essa é a primeira vez que PD e M5S apoiam o mesmo postulante em uma eleição de qualquer nível na Itália, o que reflete a tentativa de frear a “onda salviniana”.   

Historicamente adversários, os dois partidos se aliaram em setembro passado para reconduzir Giuseppe Conte ao cargo de primeiro-ministro, após Salvini ter rompido o governo com o M5S para forçar a convocação de eleições legislativas antecipadas.   

Seu plano acabou frustrado, mas as pesquisas mostram que a Liga continua liderando a preferência do eleitorado. Já as sondagens para a eleição na Úmbria colocam Tesei como favorita, mas também indicam um crescimento de Bianconi.   

Comícios – O esforço do governo para derrotar a Liga fica evidente na decisão de convocar um comício com todos os partidos da base aliada para esta sexta-feira (25), em Narni. Além de PD e M5S, o evento terá expoentes da coalizão de esquerda Livres e Iguais (LeU), do ministro da Saúde Roberto Speranza.   

Já o Itália Viva (IV), partido fundado pelo ex-premier Matteo Renzi e que também integra o governo Conte, não estará presente, embora apoie a candidatura de Bianconi. “É um fato positivo que todos os líderes nacionais estejam aqui, mas o voto na Úmbria, com todo o respeito, não pode ser um teste decisivo para um governo composto de tantos programas”, disse o primeiro-ministro, tentando tirar o peso da eleição regional.   

Oficialmente, o comício servirá para ilustrar os pontos da Lei Orçamentária para 2020, mas o objetivo claro é dar um impulso final a Bianconi. Tanto o líder do M5S, o ministro das Relações Exteriores Luigi Di Maio, quanto o do PD, o governador do Lazio, Nicola Zingaretti, estarão presentes.   

Salvini também não ficou para trás e convocou os governadores da Liga no norte da Itália para um comício em Perúgia. “Os governadores vão mostrar o que a Liga faz quando está no poder, primeiro aos italianos, e depois ao mundo”, prometeu.   

Para o ex-ministro, a conquista da Úmbria ainda pode ter um peso simbólico: desde o fim da Segunda Guerra Mundial, as regiões do centro e do centro-norte da Itália sempre tiveram uma forte tendência esquerdista.   

Além da Úmbria, Toscana, Emilia-Romagna e Marcas são consideradas bastiões “vermelhos”, mas agora a primeira delas pode passar para a extrema direita. (ANSA)