Por Marco Aquino

LIMA (Reuters) – O candidato de extrema-esquerda Pedro Castillo irá para o segundo turno da eleição presidencial no Peru, mas terá de disputar um segundo turno em junho com um eleitorado fragmentado depois de um ano de crise política e econômica.

Castillo, líder sindical e professor do ensino primário de 51 anos, tinha 16,2% dos votos com metade das urnas apuradas na contagem oficial. Uma apuração rápida feita pelo instituto Ipsos mostrou ele vencendo o primeiro turno.

Esse nível de apoio fica bem distante da maioria necessária para vencer já no primeiro turno, o que significa que Castillo enfrentará o segundo colocado em uma nova rodada.

A apuração oficial mostrava o economista liberal Hernando de Soto em segundo lugar, com 13,6%, e o candidato de extrema direita Rafael López Aliaga em terceiro, com 12,9%. A conservadora Keiko Fujimori está na quarta posição, também com 12,9%, mas ela ganhava terreno conforme a apuração avançava. A contagem rápida da Ipsos apontou ela terminando em segundo.

O resultado fará pouco para acalmar os mercados, preocupados com a liderança futura do segundo maior produtor mundial de cobre.

Castillo promete reescrever a Constituição da nação andina para enfraquecer a elite econômica e dar ao Estado um papel mais predominante em setores como mineração, petróleo, hidroenergia, gás e comunicações.

Defensora do livre mercado, Fujimori é uma figura profundamente polarizadora cujo pai foi preso por abusos de direitos humanos. Ela mesma chegou a ser detida devido a acusações de ter recebido 1,2 milhão de dólares da empreiteira brasileira Odebrecht, o que ela nega.

As comemorações, que começaram depois que a liderança de Castillo se insinuou em uma pesquisa de boca de urna, atravessaram a noite em sua cidade-natal, Cajamarca, nas terras altas do norte do Peru.

“Sou grato ao povo peruano por este resultado”, disse Castillo, que usou um chapéu de caubói característico ao chegar a cavalo para votar, aos apoiadores. “Peço calma até os resultados finais.”

O educador disparou tardiamente na campanha, e segundo uma pesquisa de boca de urna obteve a maioria dos votos nas cinco regiões mais pobres do país.

Os peruanos também elegeram parlamentares para o Congresso de 130 cadeiras, e pesquisas de boca de urna do Ipsos Peru apontaram que a entidade continuará fragmentada – 11 partidos atingiram os 5% de representação, mas nenhum aparece com uma maioria clara.

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