ÚLTIMO CONFRONTO: Trump e Hillary em debate na Universidade de Nevada, Las Vegas
ÚLTIMO CONFRONTO: Trump e Hillary em debate na Universidade de Nevada, Las Vegas

Em queda na maioria das pesquisas de intenção de voto desde que passou a ser acusado publicamente de assédio sexual por diversas mulheres, o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, tinha no debate da quarta-feira 19 a última chance de recuperar terreno contra a adversária, Hillary Clinton. Principalmente por isso, o clima que precedeu o evento na Universidade de Nevada, em Las Vegas, era de expectativa sobre qual carta o empresário tiraria da manga dessa vez. O que veio foi uma declaração de que ele talvez não reconheça o resultado das eleições de 8 de novembro caso seja derrotado. “Verei na hora, vou manter o suspense”, disse, após ser questionado pelo moderador, o jornalista Chris Wallace, da Fox News. O arroubo anti-democrático pode ser o que faltava para enterrar de vez a campanha republicana.

A não ser que ocorra um erro sem precedentes nas pesquisas ou apareça algum novo escândalo de grandes proporções (improvável a essa altura da corrida presidencial), o jogo acabou para Trump. Na quinta-feira 20, o estatístico Nate Silver, que acertou o resultado das eleições de 2008 e 2012 nos Estados Unidos, decretou: “Não sei se você precisa que eu lhe diga isso, mas Hillary Clinton provavelmente será a próxima presidente.” Segundo ele, se Trump fosse conduzir uma reviravolta na campanha, ela deveria ter começado com uma performance arrebatadora no último debate – mas isso não ocorreu. Hillary foi novamente considerada a melhor pela maioria dos espectadores na sondagem da CNN, ainda que com uma vantagem menor do que nos confrontos anteriores. Essa liderança, no entanto, não se limita às opiniões. Em Estados onde é permitida a votação antecipada, como Flórida e Carolina do Norte, que são fundamentais para a eleição do presidente americano, a democrata também aparece na frente. Isso porque os democratas aptos a votar estão solicitando mais cédulas do que o fizeram em 2012, de acordo com dados preliminares.

Donald Trump chegou a sugerir que não reconheceria a
derrota para a candidata democrata. “Verei na hora”, afirmou

DESCULPAS PRONTAS

Nas últimas semanas, analistas políticos têm observado desculpas no discurso de Trump para uma eventual derrota. Depois que o líder dos conservadores em Washington, Paul Ryan, disse que a eleição do empresário não deveria ser a prioridade do partido, o candidato entrou numa guerra aberta contra a direção da sigla, acusando os correligionários de “desleais”. Trump também deu força a teorias da conspiração e passou a dizer que o sistema eleitoral é manipulado, alimentando um argumento capaz de afastar parte dos simpatizantes já cínicos quanto à eficácia de seu próprio voto. São sinais cada vez mais evidentes de uma campanha falida. No dia seguinte ao debate da semana passada, em comício em Delware, Ohio, Trump manteve a ameaça. “Vou aceitar totalmente os resultados dessa grande e histórica eleição presidencial – se eu vencer”, disse.

Foto: Rick Wilking/Reuters