Uma pesquisa da Reuters/Ipsos mostrou que um em cada três democratas acha que o presidente norte-americano, Joe Biden, deve desistir de sua candidatura à reeleição. Biden está enfrentando pressão depois de seu desempenho decepcionante no debate contra o candidato republicano à Presidência, Donald Trump.

Alguns doadores pediram que ele se afastasse, e outros democratas estão mostrando preocupação abertamente com o fato de que ele pode não estar preparado para derrotar Trump em novembro.

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Na terça-feira, 2, o deputado Lloyd Doggett tornou-se o primeiro democrata do Congresso a pedir que Biden se retire da corrida presidencial. No entanto, o presidente e sua equipe campanha estão trabalhando para reforçar o apoio e minimizar as impressões negativas do último debate.

Ainda segundo o levantamento da Reuters/Ipsos, apenas Michelle Obama, esposa do ex-presidente democrata Barack Obama, teve desempenho melhor que Biden e liderou contra Trump por 50% a 39%, em um confronto hipotético. Porém Michelle Obama, autora do livro de memórias best-seller “Minha História”, em 2018, disse repetidas vezes que não tem a intenção de concorrer à Presidência.

Uma eventual desistência de Biden à reeleição nos EUA ainda é um cenário improvável, mas já surgem rumores sobre possíveis substitutos à candidatura democrata.

Confira os nomes que vêm sendo ventilados:

  • Kamala Harris

Ela parece ser a escolha óbvia. A vice-presidente Kamala Harris, que tem se mantido próxima do Salão Oval desde a posse de Biden, em janeiro de 2021, estaria bem posicionada para ser a postulante do Partido Democrata.

Filha de pai jamaicano e mãe indiana, Harris, de 59 anos, é uma pioneira. Ela foi a primeira pessoa negra e a primeira mulher a ocupar o cargo de procuradora-geral da Califórnia, e em seguida se tornou a primeira senadora dos Estados Unidos com ascendência sul-asiática.

Agora, ela é a primeira mulher e primeira pessoa negra vice-presidente dos EUA.

Durante sua carreira como promotora, Harris tinha a fama de ser dura – um traço que ela poderia usar como vantagem em uma campanha que deve se concentrar no crime e na imigração.

Alguns democratas progressistas foram críticos à sua punição estrita contra autores de crimes menores, afirmando que afeta de forma desproporcional as minorias.

Na pesquisa Reuters/Ipsos, a vice-presidente ficou um ponto percentual atrás de Trump, 42% a 43%, uma diferença que está dentro da margem de erro de 3,5 pontos percentuais, o que torna o desempenho de Kamala estatisticamente tão forte quanto o de Biden.

No entanto, segundo a AFP, Harris também tem um índice de aprovação sofrível, o que poderia levar os democratas a buscar outra solução.

  • Gavin Newsom 

Não há regra que preveja que o companheiro de chapa automaticamente substitua o candidato à Presidência caso este desista de concorrer. É por isso que o nome do governador da Califórnia, Gavin Newsom, vem sendo mencionado.

O democrata de 56 anos, ex-prefeito de San Francisco, está no leme do chamado Estado Dourado – o mais populoso dos Estados Unidos – há cinco anos, e o tornou em um refúgio do acesso ao aborto.

Até agora, ele tem apoiado firmemente Biden e rejeitado as especulações de que poderia substituí-lo, afirmando após o desempenho sofrível do presidente no debate contra Donald Trump na semana passada que tais “conversas” são “inúteis para nossa democracia”.

Mas Newsom também não faz segredo de suas próprias ambições presidenciais.

Nos últimos meses, ele intensificou suas viagens internacionais, divulgou diversos anúncios promovendo seus feitos e investiu milhões de dólares em um comitê de ação política, alimentando a especulação de que irá se candidatar em 2028. Então, por que não o faria em 2024?

  • Gretchen Whitmer

Outra possível candidata democrata é Gretchen Whitmer, de 52 anos, governadora de Michigan.

Seu estado tem tanto uma forte população da classe trabalhadora quanto comunidades importantes de afro-americanos e árabe-americanos, todos grupos-chave de eleitores que Biden vem tentando cortejar.

Whitmer, crítica feroz de Trump, talvez seja mais conhecida por ter sido o alvo pretendido de um complô de sequestro orquestrado por uma milícia de extrema direita.

Michigan será um dos estados decisivos nas eleições de 5 de novembro – um forte argumento, segundo seus apoiadores, para nomeá-la candidata.

Whitmer tem negado as especulações sobre sua candidatura, afirmando, nesta segunda, que estava “orgulhosa em apoiar Joe Biden como nosso candidato”.

“Eu o apoio 100% na luta para derrotar Donald Trump,” disse.

  • Josh Shapiro

O governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, lidera o maior estado pêndulo nas eleições de novembro.

Com 51 anos, Shapiro, que foi eleito em novembro de 2022 com uma vitória convincente sobre um adversário conservador e foi empossado no início de 2023, anteriormente foi eleito duas vezes como procurador-geral do estado.

Ele condenou os sacerdotes católicos que haviam abusado sexualmente de milhares de crianças e processou a farmacêutica Purdue Pharma, fabricante do poderoso opioide analgésico OxyContin.

Shapiro é um orador eficaz e um centrista declarado, qualidades que podem impulsioná-lo a tentar o mais alto cargo do Executivo.

Outros nomes

Outros nomes ventilados incluem os dos governadores de Illinois, JB Pritzker; de Maryland, Wes Moore; e de Kentucky, Andy Beshear, mas suas chances parecem até agora limitadas, na melhor das hipóteses.

A senadora Amy Klobuchar e o secretário de Transportes, Pete Buttigieg, que enfrentaram Biden nas primárias de 2020, também têm sido mencionados.

* Com Reuters e AFP