Edwinge Montilva

Com hiperinflação, economia paralisada, oposição sufocada, crise migratória e uma eleição manipulada ocorrida no domingo 20, a manutenção do chavista Nicolás Maduro por mais seis anos no poder afunda ainda mais a Venezuela. O resultado das urnas amplia o isolamento do país, que sofre embargo dos Estados Unidos. União Europeia e 14 países da América Latina e Caribe, incluindo o Brasil, consideraram a eleição ilegítima. As consequências devem ser o agravamento da fome e a disseminação de doenças antes controladas, como sarampo, malária, difteria e tuberculose.

O índice de abstenção foi recorde (54%). Com menos da metade dos 18 milhões de eleitores participando, Maduro foi reeleito com 68% dos votos válidos (5,8 milhões). O segundo colocado foi Henri Falcón, com 21% (1,8 milhão). A compra de votos ficou evidente nos “pontos vermelhos”, cerca de 12 mil tendas erguidas nas proximidades das seções eleitorais. Nelas, eleitores pobres buscaram dinheiro apresentando seus “cartões da pátria”, documento que identifica beneficiários de programas sociais. Maduro havia afirmado que pagaria a quem apresentasse o cartão antes de votar.

Na segunda-feira 21, o presidente dos EUA, Donald Trump, proibiu a comercialização de créditos futuros de óleo e gás, utilização de títulos da dívida venezuelana como garantia de transações e negócios com empresas que tenham 50% ou mais de participação do governo de Caracas. A medida afeta o Banco Central da Venezuela e a estatal petroleira PDVSA. Em represália, Maduro expulsou os representantes diplomáticos norte-americanos, o que na quarta, acarretou a expulsão de seus equivalentes venezuelanos nos EUA. (André Vargas)

 

14.000%

Esse é o índice de hiperinflação previsto para a Venezuela em 2018 pelo FMI. Em 2013, quando Maduro assumiu o governo, a inflação foi de 44%. Outros dados sobre o país surpreendem negativamente. Na eleição de domingo 20, o índice de abstenção foi de 54%. Em 2013, esse percentual foi de 20%. Dessa vez, 10,2 milhões de eleitores optaram por deixar de votar. Com o prolongamento da crise econômica, um milhão de venezuelanos deixaram de viver no país desde 2015.

CORRUPÇÃO
O primeiro tucano preso

Leo Fontes

Primeiro político a ser preso por participar do mensalão tucano, o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) se entregou na quarta-feira 23. Azeredo foi condenado a 20 anos e um mês de prisão por peculato e lavagem de dinheiro. O juiz da Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte Luiz Carlos Rezende e Santos determinou que ele fique em uma sala especial em um quartel dos bombeiros na capital.

LAVA JATO
Delúbio Soares se entrega à PF

Paulo Lisboa

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, condenado a seis anos de prisão pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4) por lavagem de dinheiro, se entregou na quinta-feira 24. A defesa de Delúbio recorreu ao Supremo pedindo que ele não fosse preso até que todos os recursos sejam analisados pela Justiça, mas o pedido foi rejeitado pelo ministro Luiz Edson Fachin.

INTERNACIONAL
Sem diálogo

Parece que o tão sonhado diálogo entre Estados Unidos e Coreia do Norte está longe de acontecer. Depois de sinalizarem um encontro diplomático entre Donald Trump e Kim Jong-un, a conversa foi cancelada na quinta-feira 24. Mesmo assim, na sexta-feira, Trump afirmou que o governo americano está em negociação com a Coreia sobre o encontro entre os dois países.

RACISMO
Multa para Bolsonaro sobe para R$ 300 mil

Mateus Bonomi

Subiu para R$ 300 mil o valor que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL/RJ) poderá ser condenado a pagar pelas declarações ofensivas a quilombolas, seis vezes mais que os R$ 50 mil determinados pela Justiça em outubro do ano passado. O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal, segundo o qual o valor inicial não foi proporcional à conduta do parlamentar. Em abril do ano passado, durante uma palestra, Bolsonaro disse que o “afrodescendente mais leve” de uma comunidade quilombola “pesava sete arrobas” e nem para “procriar servem mais”.

CARANDIRU
Quem sãos os culpados pelo massacre?

Os 74 policiais militares condenados pelo massacre do Carandiru devem participar de um novo júri popular. A reviravolta do caso aconteceu na terça-feira 22 quando a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a anulação dos julgamentos. O novo júri ainda não tem data marcada. O massacre do Carandiru aconteceu em 1992 e, segundo número oficiais, resultou na morte de 111 presos depois de as forças policiais terem sido chamadas para conter uma rebelião. Cerca de 80% dos presos que morreram ainda aguardavam julgamento.

MORRERAM
Ramiro Alves

Divulgação

O jornalista carioca morreu na quinta-feira 24, aos 59 anos, de câncer. Ele foi editor de Política da ISTOÉ de 1997 a 2005. Trabalhou nas sucursais de São Paulo e Brasília de O Globo, diretor dos jornais O Dia, Meia Hora e Brasil Econômico. Deixa mulher, dois filhos e um neto.

Alberto Dines

Leonardo Aversa

O jornalista morreu aos 86 anos, em São Paulo. Crítico da ditadura militar, trabalhou no Jornal do Brasil, na Folha de S. Paulo e em outros veículos. Em 1995 criou o site Observatório da Imprensa, que analisa o jornalismo do país

Philip Roth

Divulgação

O romancista americano morreu aos 89 anos, de insuficiência cardíaca. Autor de “Pastoral Americana” e “O Complexo de Portnoy”, venceu quase todos os principais prêmios literários do mundo e era um eterno candidato ao Nobel