Um tema que não deveria nem estar presente no noticiário chamou muita atenção da política nacional. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, declarou sua orientação sexual, “sou um governador gay e não um gay governador”. Fato é que a ordem dos fatores não faz diferença. Na verdade, não deveria fazer diferença alguma a maneira com que Leite se relaciona no amor e sexo. Mas não dá para ser hipócrita e desconsiderar a importância da revelação. Num País que ainda tem o preconceito como um dos pilares fundamentais, a declaração do governador é um suspiro de esperança. Não é da conta de ninguém, mas é muito bom que ele tenha assumido sua orientação sexual.

Imaginemos como aquele jovem garoto, na adolescência, escondido dos seus próprios desejos, violentado pelos comentários maldosos, limitado pela sua orientação sexual. Esse jovem pode sonhar em ser um governador, pode ser um presidente, pode ser o que ele quiser e tiver competência para ser. Mas também é possível que grande parte da sociedade também pare para repensar quais são os critérios que utilizam para julgar as competências de um político. A avaliação tem que estar, exclusivamente, na esfera das competências restritas a função. Já é hora de amadurecer.

Na ocasião da manifestação de Leite, houve um discurso fora da curva de representantes dos direitos LGBTQI+. Julgaram que o governador estava utilizando a condição para se lançar à Presidência. Mas qual seria o problema, se a pauta que ele defende é legítima? Tentar se apossar e restringir uma pauta a um grupo ideológico é tão mesquinho que desqualifica também o conteúdo de quem faz restrições à ampliação dos debates. Ninguém deve não votar em Leite porque ele é gay. Da mesma forma, que ninguém deve votar porque é gay. Quem não entendeu isso, ainda tem muito a superar.

O presidente Bolsonaro, que tem verdadeira ojeriza pelo tema, também se posicionou. Ele tentou fazer chacota e disse que o governador tinha apresentado o seu “cartão de visita” para as eleições de 2022. “Ninguém tem nada contra a vida particular de ninguém, mas querer impor seus costumes e seus comportamentos a todos não”, caçoou Bolsonaro. O presidente não perde uma chance de entrar na discussão sobre diversidade sexual. Freud explicaria.