Foi-se o tempo em que o animalzinho de estimação da casa se resumia ao cachorrinho, ao gatinho ou um peixinho. De alguns anos para cá, muitas pessoas vêm optando por animais considerados selvagens para criar em casa. “A moda de ter um animal exótico em casa veio para o Brasil e estourou”, afirma Roberto Alcarpe, proprietário do Rancho Mini Pig, criadores de animais minis.

A bióloga e bailarina de dança egípcia Giselle Kenj é um exemplo da afirmação de Alcarpe. Ela adora cobras e tem quatro delas em casa. Ela alimenta, dá banho e até dorme com as cobras.

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Gisele trata os bichos como se fosse seus babies. “Eu agendo meu dia a dia em função dos animais. Eles precisam de muita atenção”, diz Giselle. A jornalista Fabiana Cardozo, assim como a bióloga Giselle, ama bichos. Ela tem um porco em casa. Fabiana admite que sempre gostou de suínos. “Colecionei porco de pelúcia, porcelana, porco de tudo quanto é jeito”, diz.

Tráfico de animais

Uma preocupação de quem tem um animal exótico em casa é não estimular o tráfico de animais. “Tem que comprar com registro para não alimentar o contrabando de animais”, afirma Giselle. O tráfico de espécies selvagens é, de acordo com a Comissão Europeia, o quarto negócio ilegal mais lucrativo do mundo, atrás apenas do tráfico de drogas, de seres humanos e do comércio de armas. Estima-se que o lucro anual da atividade gire em torno de 8 bilhões a 20 bilhões de euros. No Brasil, na última década, os traficantes movimentaram mais de R$10 bilhões com esse comércio ilegal.

Nos últimos anos, o tráfico de vida selvagem alcançou níveis sem precedentes e a procura global por fauna e flora selvagens e produtos derivados não para de aumentar, segundo informações do Parlamento Europeu. O baixo risco de detenção e as elevadas contrapartidas financeiras atraem cada vez mais os criminosos organizados, que utilizam os lucros para financiar milícias e grupos terroristas. Os produtos traficados são vendidos por meio de canais legais e os consumidores, muitas vezes, não estão conscientes de sua origem ilegal.

De acordo com o relatório da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres existem quatro razões que incentivam o comércio ilegal de bichos: animais para zoológicos e colecionadores particulares, animais para uso científicos/biopirataria, animais para pet shops e, por fim, animais que serão mortos para aproveitamento de carne, pele e outras partes na fabricação de produtos derivados.