Estamos em 2017, mas só agora o governo da Arábia Saudita revogou a lei que impede mulheres de dirigir. O país era o único do mundo que ainda mantinha a proibição de motoristas do sexo feminino, mesmo após mais de um século da invenção do automóvel. O decreto real, anunciado na televisão estatal e em um evento simultâneo nos Estados Unidos, só entrará em vigor no ano que vem, mas o príncipe Khaled Bin Salmam, embaixador saudita em Washington, classificou a decisão como “um grande e histórico dia”. A mudança, porém, não ocorrerá tão rapidamente. O país ordenou a formação de um órgão ministerial para estudar como a mudança será aplicada e como os policiais deverão abordar as motoristas, já que, na sociedade saudita, mulheres não costumam interagir com homens que não sejam seus parentes. O governo também planeja como será o processo para retirar a habilitação, apesar de já ter anunciado que mulheres que dirigem em outros países do Golfo poderão guiar na Arábia Saudita. Com a medida, líderes do país esperam aumentar a participação feminina no mercado de trabalho. Elas, afinal, não vão mais precisar de homens para transportá-las. O objetivo é que a mudança também impulsione a economia. Contudo, este não foi o único “avanço” da Arábia Saudita em relação às mulheres. A revogação foi anunciada um dia após elas serem liberadas pela primeira vez a ir a um estádio de futebol assistir às celebrações da festa nacional. Há anos, ativistas dos direitos humanos vêm fazendo campanha para que as sauditas passem a ser tratadas como cidadãs com todos os direitos. Apesar disso, a sombra do retrocesso ainda paira: atualmente, elas são submetidas à tutela de um homem da família para atividades como estudar ou viajar.

6 = 100 milhões

Seis brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade da população mais pobre, revelou um estudo sobre desigualdade social da Oxfam. São eles: Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim). Juntos, se gastassem um milhão de reais por dia, levariam 36 anos para esgotarem todo o patrimônio.

BARCELONA
Lição involuntária

AFP PHOTO / PAU BARRENA

Na ânsia de abafar o movimento separatista da Catalunha, o governo espanhol deu, na semana passada, uma lição de intolerância. Vem atacando – em demasia – os preparativos para a realização de um plebiscito sobre a independência da região onde fica Barcelona, no domingo 1º. Com isso, dá mais fôlego a uma mobilização que tenta há anos, e em vão, deslanchar. A consulta foi considerada ilegal pela justiça espanhola, mas, como a gestão autônoma da Catalunha não deu sinais de que pretende parar, o governo decidiu fazer apreensões e prisões. Em pesquisa recente, a ligeira maioria dos catalães se posicionou contra a separação, o que pode mudar com a postura de Madri.

ECONOMIA
A volta do capital

A retomada da economia pode ser medida pelo apetite dos investidores estrangeiros. Na semana passada, o governo fez dois leilões no setor de energia para vender usinas hidrelétricas que eram operadas pela Cemig e áreas de exploração de petróleo e gás. Ao todo, arrecadou R$ 16 bilhões, quase cinco vezes mais do que estava esperando. Para o governo, nesse momento, é importante que as empresas voltem a apostar no País.

EDUCAÇÃO
A fé (não) é pra todos

Lula Marques/Folhapress
O Supremo Tribunal Federal, por 6 votos a 5, decidiu que professores de escolas públicas podem pregar suas crenças em sala de aula. Os ministros também decidiram que o ensino religioso deve ser facultativo. A decisão do STF, no entanto, não é tão simples assim. Como privilegia 90% dos brasileiros cristãos, também impõe o desafio de que confissões de fés minoritárias, como as religiões afro-brasileiras, e até mesmo os ateus, encontrem na própria escola mais um espaço para intolerância religiosa.

PRÊMIO
Senhor gentileza

Em meio ao caos que vive o estado do Rio de Janeiro, surge uma bandeira branca: o niteroiense de Várzea das Moças, Luiz Gabriel Tiago, de 39 anos, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 2018. Ele é responsável por uma empresa social que realiza o “Treinamento Gentileza”, para promover empatia entre cidadãos. Quem passa pelo curso tem acesso à Pontinho de Luz, uma rede de solidariedade com 35 mil pessoas que viabiliza ações sociais fora e dentro do Brasil com recursos arrecadados em treinamentos e doações. A lista de finalistas deve sair em março do ano que vem. Na edição deste ano da premiação, há uma brasileira indicada: Maria da Penha Maia Fernandes, que lutou contra a violência doméstica e tem uma lei com seu nome.

CRIME
Mais perto da liberdade

Divulgação

Os desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais diminuíram, por 2 votos a 1, a prisão do goleiro Bruno Fernandes. Condenado pela morte de Eliza Samudio, ele teve a pena reduzida de 22 anos e 3 meses para 20 anos e 9 meses. Bruno havia sido condenado em primeira instância, em 2013, pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado do filho dos dois. A redução da pena ocorreu porque o crime de ocultação de cadáver foi prescrito. O corpo da amante do goleiro nunca foi encontrado.

Bruno já cumpriu sete anos da pena em regime fechado. Ele chegou a ficar dois meses em liberdade, no começo do ano, por meio de uma liminar, mas foi obrigado a voltar à cadeia. Enquanto estava solto, o jogador foi contratado pelo Boa Esporte, de Varginha, time que disputa a Série B. Mais perto da liberdade e cada vez mais distante da justiça.