Na terça-feira (14), Cíntia Mariano Dias Cabral teve a sua prisão temporária prorrogada por mais 30 dias sob suspeita de ter envenenado os dois enteados, Bruno Cabral, 16, e Fernanda Cabral, 22. Por isso, a mulher segue em uma cela isolada no Instituto Penal Oscar Stevenson, no bairro de Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro. Durante uma conversa com O Globo, um de seus três filhos afirmou que só irá visitá-la quando ela confessar publicamente os crimes.

“Minha mãe assumiu na conversa séria que tivemos na noite anterior à prisão dela ter envenenado o Bruno e a Fernanda. Liguei, em seguida, para minha irmã e ela confessou via telefone também para ela. No dia que a entreguei na delegacia, ao entrar na viatura, ela ainda confessou novamente os crimes”, relatou o bacharel em direito Lucas Mariano Rodrigues, de 26 anos.

“Só vou pensar em visitá-la no dia que ela assumir publicamente, assim como fez para mim e minha irmã, os crimes que cometeu contra a Fernanda e o Bruno, justamente para ela ter um pouco de amor e humanidade com os filhos dela. Os outros crimes que ela também é suspeita, eu não fazia ideia, só soube após a prisão”, acrescentou. Cíntia também é investigada pela morte do ex-namorado, o dentista Pedro José Bello Gomes, em 2018, e do vizinho Francisco das Chagas Fontenele, em 2020.

“Ela nunca foi mãe, nunca amou a gente. Digo isso por diversos acontecimentos: já escondeu comida para nós não nos alimentarmos, nos destratava, já me expulsou de casa duas vezes por não aceitar a separação do meu pai e eu não gostar das atitudes dela, minha irmã também saiu de casa aos 16 anos por não se dar bem com ela. Eu não lembro nem a última vez que a abracei ou dei um beijo nela”, disse Lucas.

O bacharel de direito frisou que vive um conflito de sentimentos em relação à mãe. “Eu ainda a amo, infelizmente. Mas, ao mesmo tempo que amo, tenho ódio por tudo que ela fez e sinto falta de muita coisa! E também tenho muito medo. Queria que ela pudesse me ver casando um dia, conhecer meus filhos. Mas não sei se ela é uma pessoa que vou poder ver de novo, justamente por ser capaz de tudo.”

Depois de ser detida, Cíntia Mariano negou as acusações por meio de seus advogados, que são os únicos que a visitam na penitenciária.

“A Cíntia está muito abalada com tantas acusações infundadas, ela chora a todo o momento, sente falta dos filhos, justamente por sempre ter sido uma mãe e uma pessoa amorosa com todos ao seu redor. Mas ela continua acreditando que tudo isso vai passar e é a maior interessada que as investigações prossigam e demonstrem que não houve nenhum envenenamento por chumbinho. Sobre os demais inquéritos, ela também está totalmente estarrecida”, afirmou o criminalista Carlos Augusto Santos.

Relembre os casos de envenenamento

No dia 23 de maio, o prontuário médico de Bruno Cabral, internado por suspeita de envenenamento, apontou que ele teve uma “intoxicação exógena”, quando o corpo sofre com alguma substância externa.

O RJ2, da TV Globo, teve acesso ao documento, que diz que ele não possui comorbidades e que deu entrada no Hospital Albert Schweitzer, em 19 de maio, apresentando nível baixo de consciência.

As suspeitas são de que ele e a sua irmã, Fernanda Cabral, tenham sido intoxicados propositalmente pela madrasta, Cíntia Mariano.

Fernanda foi internada em 15 de março com mal-estar e dificuldade para respirar. Ela ficou hospitalizada por 13 dias, mas não resistiu e morreu.

A polícia recebeu o prontuário médico de Fernanda, com mais de 170 páginas, e acredita que o documento pode ajudar a esclarecer o caso.

Conforme as investigações da 33ª Delegacia Policial (Realengo), Cíntia teria envenenado os enteados por causa do ciúmes que nutria em relação ao companheiro, Adeilson Cabral.