O conselheiro econômico chefe da Allianz, Mohamed A. El-Erian, apontou para dificuldades nas economias globais nos próximos meses e destacou haver certa negação ao impacto que a desigualdade social e de oportunidades, que ficou aparente na pandemia, terá sobre a atividade econômica mais à frente. “Nos próximos seis a nove meses, a economia global não terá força propulsora, mas o vento virá da frente”, afirmou El-Erian, durante o Congresso de Mercado de Capitais da Anbima e B3.

El-Erian destacou que a economia real não está respondendo aos incentivos da mesma forma que os mercados, que, para ele, têm uma resposta exagerada ao ambiente desafiador econômico que o mundo está vivendo, indicando haver sérios riscos neste comportamento. Ele acrescentou ser preciso dar atenção ao fato de que a covid-19 estará presente pelo menos nos próximos nove meses e que os países terão de aprender a lidar e se estruturar para isso. “Temos de proteger os mais vulneráveis e aprender a conviver com a covid-19. Asseguro que nos próximos nove meses vamos conviver com a doença”, afirmou.

Para ele, a globalização está passando por mudanças relevantes em função do novo momento trazido pela pandemia, citando por exemplo o fato de que as companhias estão se preparando para ganhar eficiência em sua cadeia de suprimentos. “Estamos em uma fase diferente da globalização, para uma direção mais localizada”, disse. “A China vai perder muitas coisas, mas isso não significa que as multinacionais abandonarão os mercados”, disse.