Após meses de especulações sobre o interesse do bilionário egípcio Naguib Sawiris na endividada Oi, o empresário ganhou os holofotes na semana passada ao anunciar um acordo com os detentores de títulos da tele para a elaboração de um plano de recuperação judicial alternativo. Sawiris pretende investir na companhia, mas ressalta que o valor está em avaliação, e a aplicação dos recursos ainda depende da “flexibilidade” das diversas partes envolvidas. As dívidas da Oi somam hoje R$ 65 bilhões e envolvem nada menos do que 67 mil credores.

Para o dono da empresa de telecomunicações Orascom, o melhor momento para se investir no Brasil é agora, depois da mudança de governo. O empresário, dono de uma fortuna estimada em US$ 4 bilhões, afirma que o atual presidente Michel Temer (PMDB) é mais “amigável” aos investidores. Antes de fazer o aporte, porém, vê a necessidade da mudança na regulação do setor, tema já em debate.

Outro desafio do empresário será convencer os atuais acionistas da companhia a aceitarem o plano que ele está desenhando ao lado dos detentores de títulos, representados pelo banco de investimento americano Moelis & Company. Alguns dos acionistas não enxergam espaço para a entrada do egípcio nesse momento, em que a operadora trabalha na sua recuperação judicial, mas não descartam que o magnata possa ser bem-vindo após a reestruturação.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado:

Quanto o sr. pretende investir na Oi? Há informações de que o valor seria entre R$ 3 bilhões e R$ 7 bilhões.

Não posso revelar isso neste momento. Tenho uma equipe agora no Brasil. Só depois que terminarmos o trabalho poderemos estimar esse valor. Não há como fazer um plano de negócios sem saber todos os números e também os passivos. Neste momento, estamos vendo isso para, daí sim, podermos saber quanto de dinheiro será necessário.

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O que a sua equipe está fazendo no Brasil? São quantas pessoas estão trabalhando aqui?

Entre seis e sete integrantes. Eles estão olhando para os nossos pontos de preocupação, conversando com bancos, com órgãos reguladores e com a própria companhia. A equipe deve concluir o trabalho em uma semana, quando retornará com muitas das respostas para nossos questionamentos. Assim que tivermos tudo alinhado, pretendo voltar ao Brasil. Em um mês, devemos ter esse trabalho concluído e veremos o quanto investir.

Quais são as principais diretrizes do plano que está sendo desenvolvido com os detentores de títulos?

Principalmente, uma redução de despesas operacionais e a redistribuição dos investimentos. O plano vai propor a realocação dos investimentos para os locais corretos. É um plano puramente operacional, mas também vai depender de quanta flexibilidade o órgão regulador vai mostrar em termos de mudanças no modelo de concessão atual (hoje a Oi é obrigada a fazer investimentos em áreas menos rentáveis, como a manutenção de orelhões). A empresa foi obrigada a trabalhar não em uma agenda comercial, mas em uma agenda política. É preciso mudar a regulação para todas as empresas do setor.

Ativos poderão ser vendidos?

Não será prevista a venda da unidade de celulares, apenas de ativos não estratégicos, como os da África.

Como vê o plano apresentado pela Oi?

Não convence nem um pouco. Do ponto de vista operacional, não inclui o que precisa ser feito. Basicamente é um plano que assume a redução da dívida como a solução principal. Estamos dispostos a nos envolver com os atuais acionistas para convencê-los de que o nosso plano está todo alinhado para que haja uma solução para a companhia. Ainda não tivemos conversas com eles.

Há algo que possa fazer o sr. desistir do investimento na Oi?

A falta de flexibilidade, que precisa existir entre as muitas partes envolvidas nesse processo. Só vamos colocar dinheiro novo na empresa e fazer com que caminhe para o futuro se todos acreditarem que um bom plano foi apresentado.

E por que investir no Brasil neste momento?


Estou confiante na perspectiva para o Brasil. Tem um novo governo que está aberto para novos investimentos, é o melhor momento para investir no Brasil. Não acredito em políticas socialistas ou populistas.

A crise econômica do Brasil não é um ponto de atenção?

Não me preocupo. Meu histórico mostra que já fui a diversos lugares do mundo e fiz muito dinheiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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