O egípcio Khaled El-Enany foi oficialmente eleito nesta quinta-feira (6) diretor-geral da Unesco para os próximos quatro anos, em substituição à francesa Audrey Azoulay, em um contexto delicado para a organização devido à saída anunciada dos Estados Unidos.
A eleição de El-Enany, 54 anos, é uma formalidade depois que o Conselho Executivo recomendou em 6 de outubro sua candidatura contra a do congolês Firmin Edouard Matoko, por grande maioria (55 votos contra 2).
O ex-ministro das Antiguidades e do Turismo e egiptólogo de formação recebeu 172 votos dos 174 depositados pelos Estados-membros reunidos em Samarkand, Uzbequistão, por ocasião da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Khaled El-Enany, que se torna o primeiro diretor-geral da Unesco oriundo de um país árabe e o segundo africano, depois do senegalês Amadou Mahtar Mbow (1974-1987), apresentou-se como um homem de “consenso”.
Após a saída de Israel em 2017, a Nicarágua anunciou em maio que também deixaria a organização, em protesto pela atribuição do Prêmio Mundial à Liberdade de Imprensa ao jornal opositor La Prensa.
Por sua vez, o governo dos Estados Unidos anunciou em julho que deixaria a Unesco, pela terceira vez em 40 anos.
A saída de Washington e Manágua será efetiva no final de 2026.
A administração de Donald Trump, que já havia retirado o país da Unesco durante seu primeiro mandato, acusou a organização com sede em Paris de adotar posturas anti-israelenses, promover “causas sociais e culturais divisivas” e “uma agenda ideológica e globalista”.
O novo diretor-geral assumirá as funções em meados de novembro e prometeu trabalhar para convencer os Estados Unidos a permanecerem na organização, algo que Audrey Azoulay conseguiu em 2023, durante o mandato do democrata Joe Biden.
Além de minar o prestígio e o caráter universal da Unesco, a saída de Washington também priva a organização de uma boa parte de seus fundos, já que a contribuição americana representa 8% de seu orçamento total.
El-Enany afirmou que o orçamento da Unesco será sua “prioridade”.
O egípcio pretende captar mais contribuições voluntárias dos governos, com sistemas de troca de dívida e uma participação maior do setor privado, cuja contribuição representava apenas 8% do orçamento em 2024.
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