O setor de transporte contribui com um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa e é a área em que as irradiações de carbono mais crescem desde 2000. A informação consta de relatório apresentado nesta terça-feira (11) na 24ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 24), em Katowice, Polônia.

De acordo com o relatório Situação global do Transporte e Mudança Climática Global (tradução livre), elaborado por mais de 40 organizações internacionais que atuam em prol de transportes sustentáveis e de baixo carbono, as emissões provocadas pelos transportes cresceram de 5,8 gigatoneladas de CO2 em 2000 para 7,5 gigatoneladas em 2016, volume 29% maior.

Entre os modais que mais contribuem com as emissões de dióxido de carbono, os carros leves lideram com 45% do volume emitido. Em seguida, aparecem os caminhões, responsáveis por 21% das emissões de CO2, os aviões e navios, ambos com 11% das emissões, ônibus e micro-ônibus representam 5%, triciclos e motocicletas 4% e os trens figuram com 3%.

O relatório projeta que países em desenvolvimento serão responsáveis por praticamente todo o aumento das emissões de carbono por transporte. A contribuição das emissões desses países – 29 entre os 40 pesquisados – crescerá de 40% em 2015 para uma projeção de 56% a 72% em 2050.

O estudo estima ainda que as emissões globais pelos transportes devem ser reduzidas para dois ou até três gigatoneladas de CO2 até 2050 para que as metas do Acordo de Paris sejam cumpridas. O documento aponta que o potencial de mitigação das emissões de dióxido de carbono em países não desenvolvidos é 60% maior do que em países economicamente mais fortes.

Infraestrutura

O relatório informa também que o transporte de passageiros aumentou 74% desde 2000, principalmente em países em desenvolvimento. Entre 2000 e 2015, os transportes compartilhados na maioria dos países foram substituídos por automóveis privados e deslocamentos aéreos.

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Considerando a infraestrutura de transporte, a extensão global de rodovias aumentou cerca de 40% desde o ano 2000. Enquanto que os trilhos convencionais estagnaram nos níveis do início dos anos 2000, a infraestrutura das rodovias de alta velocidade cresceu quase 12 vezes em relação aos anos 1990.

O estudo aponta que nas duas últimas décadas houve expansão significativa do BRT (Bus Rapid Transit, sistema de transporte público baseado no uso de ônibus), de 853%, dos veículos leves sobre tilhos, 88%, e do sistema de metrô, 67%. Nos anos mais recentes, os pesquisadores identificaram, no entanto, que a construção de BRT tem reduzido de forma expressiva.

Segundo os autores do relatório, o objetivo da divulgação é dar subsídios para elaboração de políticas públicas que contribuam para o alcance das metas de descarbonização e limitação do aquecimento global em até 1,5º C, conforme prevê o Acordo de Paris.

Os pesquisadores sugerem que os países evitem e reduzam a necessidade por deslocamentos em veículos motorizados e desenvolvam novos planos de mobilidade. Eles sugerem ainda a redução da soberania dos carros e o aumento do financiamento e desenvolvimento de estrutura para ampliar o uso de transporte público, trem e bicicletas.

* A repórter participa da COP 24 a convite da United Nations Foundation


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