Centenas de educadores, funcionários públicos e aposentados protestaram, nesta terça-feira (9), em Caracas, pedindo aumento de salários e pensões, assim como melhores condições de trabalho, alegando que sua renda acaba pulverizada devido à crise na Venezuela.

“Nós estamos esperando e exigindo um aumento geral de rendimentos e salários”, disse à AFP José Gregorio Alfonso, presidente da associação de professores da Universidade Central de Venezuela (UCV, pública), durante a manifestação na capital venezuelana.

“O que sobra para nós são migalhas”, queixou-se durante a manifestação Argenis Betancourt, um professor aposentado de 69 anos e barba branca, que contou que se fantasia no Natal de Papai Noel em eventos para fazer renda extra e agora precisa vender comida para sobreviver.

“Não podemos viver com 3 dólares (…) Estamos pedindo que aumentem a remuneração para poder ter uma pensão digna”, disse, por sua vez, Rosa Marcano, uma aposentada de 58 anos.

Atualmente, o salário mínimo mensal é de 130 bolívares, aproximadamente 3,6 dólares no câmbio oficial (R$ 17,6, na cotação atual). O valor é o mesmo desde maio de 2022, quando equivalia a cerca de US$ 30 (R$ 141, na cotação da época).

O governo do presidente Nicolás Maduro culpa as sanções internacionais pela crise. Assim, complementa a renda com bônus sem incidência em benefícios trabalhistas no valor de US$ 70 (R$ 342), insuficientes em um país com uma das inflações mais altas do mundo que encerrou 2023 em 193%, segundo estimativas privadas.

Os funcionários públicos também exigem desde o ano passado que os salários sejam dolarizados, em um momento em que o custo da cesta básica passa de US$ 500 dólares por mês (R$ 2.446).

Sindicalistas entregaram um documento ao Ministério Público, exigindo respeito ao direito de celebrar estas manifestações e à atividade dos dirigentes sindicais, muitos presos acusados de “conspiração”.

“São usados pelo governo como ‘cartas’ de negociação política”, informou um documento entregue ao MP, em alusão à libertação de “presos políticos” em uma troca de prisioneiros negociada com os Estados Unidos ao final do ano passado.

Outra manifestação está prevista para 15 de janeiro, quando se comemora na Venezuela o “Dia do Mestre”.

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