Este universo de fantasia, vivenciado por crianças do mundo todo, é o que perpetua a tradição do personagem mais célebre do Natal: o Papai Noel. E, dizem os especialistas, acreditar no bom velhinho é saudável, pois é nesta fase que as crianças começam a compreender que a fantasia é o primeiro passo para transformar um desejo em realidade, além de incentivar a imaginação das crianças colaborando para a formação de memórias afetivas.

O encanto e a inocência das tradições infanto-juvenis têm sido uma parte fundamental da infância, proporcionando momentos mágicos e inesquecíveis para as crianças. No entanto, à medida que os pequenos crescem, surge a questão de quando e como os pais devem abordar a verdade por trás dessas figuras lendárias.

Para a educadora parental Priscilla Montes, não há uma idade limite para os pais dissolverem os personagens. “A idade ideal é até quando o filho acreditar. Naturalmente, é mais fácil que isso aconteça até o final da primeira infância, até os 7 anos. No entanto, é importante manter a personificação das figuras até o momento em que o filho acreditar. Neste momento, os pais exercem um papel muito importante na transição da fantasia e realidade. Cabe a eles deixá-las livre para que elas se sintam seguras nesta mudança”.

Muitos argumentam que manter a ilusão é importante para preservar a magia da infância e permitir que as crianças vivam em um mundo que estimule a imaginação e crie memórias afetivas deste período. A crença no Papai Noel, por exemplo, não apenas adiciona um toque encantador ao Natal, mas também reforça valores como bondade, generosidade e espírito de doação. É importante falar sobre o Papai Noel e sobre o sentido do Natal para os filhos, e aproveitar para viajar com eles na fantasia. “Leve para conhecer o Papai Noel ao vivo, compre livros e coloque músicas e filmes natalinos”, orienta Priscilla Montes.

Alguns pais entendem que manter as tradições simbólicas dos contos infantis pode envolver uma certa dose de ficção, mas, segundo a educadora parental, os personagens fazem parte de uma cultura: “Os pais não estão mentindo ou prejudicando o desenvolvimento da criança ao não desmentirem a existência desses símbolos. É um momento de cultivar memórias e manter tradições geracionais”.

Quando surge a dúvida sobre a existência ou não, Priscilla reforça a importância de devolver a pergunta ao filho, questionando se ele acredita ou não. Dessa forma, é possível compreender o limite de compreensão da criança e não gerar ainda mais dúvidas sobre a crença. É importante levar em consideração a sensibilidade e a maturidade da criança, a fim de promover uma conversa aberta e honesta.

A essência desta magia cultural reside no desejo compartilhado de criar experiências significativas e afetivas para as crianças, mantendo a ingenuidade da infância viva de uma maneira que respeite o crescimento e a compreensão progressiva dos pequenos sobre o mundo ao seu redor.