A despeito dos avanços importantes nos indicadores de acesso à escola ao longo das últimas décadas, do aumento considerável de investimentos públicos em educação, e de melhorias consistentes nos índices de aprendizagem dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), o cenário da educação brasileira como um todo – entendido aqui como ingresso, aprendizagem, permanência e conclusão escolar – segue em situação crítica. Os dados abaixo resumem o quadro atual:

  • Ainda há 2,5 milhões de crianças e jovens fora da escola, sendo que 1,5 milhão (60%) é de jovens de 15 a 17 anos;
  • 55% das crianças brasileiras de 8 anos de idade (final do 3º ano do Ensino Fundamental) ainda não estão plenamente alfabetizadas;
  • Pelas atuais taxas de conclusão, a cada 100 alunos que ingressam na escola pública com 6 anos de idade, apenas 65 concluirão o Ensino Médio até os 19 anos;
  • Dos alunos que concluem o Ensino Médio, apenas 7% tem aprendizagem adequada em Matemática e 28% em Língua Portuguesa;
  • Na comparação internacional mais recente da Educação (PISA 2015), o Brasil se manteve no grupo dos 10% piores sistemas educacionais;

Os números apontam não só para um cenário desafiador como também revelam que, sem uma mudança contundente de rota, continuaremos suprimindo qualquer chance de um futuro melhor para milhões de crianças e jovens brasileiros. Não se pode mais continuar negligenciando o problema e não dando a ele a devida prioridade política para que se efetive um processo de mudanças essenciais para o desenvolvimento sustentável do País.

Não obstante esse cenário de poucos avanços na educação brasileira vale ressaltar que existem escolas e algumas redes públicas de ensino de pequeno e médio porte que conseguem oferecer a seus alunos uma educação de boa qualidade, mesmo estando em contextos socioeconômicos desafiadores. Ademais, há exemplos, poucos é bem verdade, de estados e municípios que conseguiram realizar, em menos de 10 anos, mudanças importantes em seus indicadores educacionais, uma vez que posicionaram a educação como prioridade e resolveram questões fundamentais que prejudicavam o avanço da aprendizagem dos alunos, como foi o caso do Ceará na alfabetização de suas crianças. Ou seja, o cenário geral é de enorme desafio, mas há exemplos no Brasil que mostram que é possível fazer muito melhor.

Acreditamos que se as políticas educacionais em prol da aprendizagem dos alunos ganharem centralidade na pauta da política pública deste país, a educação brasileira não tardará atingir patamar muito mais elevado, permitindo que o sonho de um Brasil melhor para todos se torne, enfim, realidade.

Por isso, o movimento Todos pela Educação começa agora uma grande mobilização pela Educação de qualidade, indo além da urgência, mas colocando-a como uma exigência nacional nos programas dos próximos candidatos à presidência da república e aos governos estaduais, pois os eleitos no pleito deste ano terão a grande responsabilidade de conduzir o País a um quadro de maior estabilidade política e social, de crescimento econômico sustentável e de fazer avançar a oferta de uma Educação de qualidade para todos.