Não existe melhor caminho para alavancar a produtividade do que a oferta de uma educação de qualidade. Isto significa prover uma educação que seja capaz não apenas de preparar bem os nossos jovens para o exercício de uma profissão, mas também de prepará-los plenamente para o exercício da cidadania. Precisamos formar bem os nossos jovens. Quando isso não acontece, os efeitos sobre a produtividade de um país podem ser dramáticos. A produtividade pode não ser tudo, mas, no longo prazo, é quase tudo, segundo o norte-americano Paul Krugmann – Prêmio Nobel de Economia de 2008. Ainda de acordo com ele, a capacidade de um país melhorar o seu padrão de vida no longo prazo depende quase que inteiramente de sua capacidade de aumentar a produção por trabalhador.

Quando comparamos a capacidade de um trabalhador brasileiro com aquela de um argentino, precisamos de dois brasileiros para fazer o mesmo serviço de um argentino. Com relação ao americano, essa proporção é de quatro brasileiros para um americano. Só vamos reverter esse quadro por meio de uma boa educação.

Em recente palestra na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), o economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper Ricardo Paes de Barros mostrou que aquele estado vem fazendo um belo trabalho no que concerne à distribuição de renda, onde o salário médio teve um aumento real de 4% com benefício aos mais pobres. Mas, por outro lado, a produtividade de Santa Catarina avançou apenas 1,5%! Segundo Paes de Barros, se o estado continuar com essa equação em que os salários crescem muito mais do que a produtividade, o cenário futuro do estado será crítico em termos de sustentabilidade.

Felizmente, Paes de Barros aponta que Santa Catarina tem em mãos um grande trunfo para reverter essa situação, com a implantação de escolas de tempo integral com educação integral – projeto que deve se iniciar em 2017, numa parceria envolvendo o Ministério da Educação (MEC), a Secretaria de Estado da Educação e os Institutos Ayrton Senna e Natura. Tais escolas são inspiradas no modelo desenvolvido no estado do Rio de Janeiro, mais precisamente no Colégio Estadual Chico Anysio, cujo impacto, em termos de aprendizagem, poderia levar o Brasil, caso a metodologia fosse implantada em todas as escolas brasileiras, a sair das últimas posições no sistema internacional de avaliação PISA para uma posição similar a dos Estados Unidos.

Mas, como no Rio de Janeiro, em que a P&G foi o grande apoiador, será preciso também que os empresários catarinenses participem ativamente, o que deverá certamente ocorrer mediante a liderança do presidente da FIESC Glauco José Corte, que vem liderando um grande movimento pela educação daquele estado – intitulado Santa Catarina pela Educação. Essa é a hora dos empresários catarinenses mostrarem que, de fato, educação é o novo nome do desenvolvimento!