O ministro da Educação, Ricardo Vélez, coloca, de maneira acertada, a educação básica como prioridade. Por outro lado, temas como Escola Sem Partido e identidade de gênero tomam conta de boa parte da mídia educacional e parecem fazer parte da agenda do atual Ministério da Educação (MEC). Entendo que a escola pública deve ser laica, tanto no aspecto político, como no religioso — a que se refere mais diretamente tal termo. Contudo, todas essas questões absorvem muita energia, enquanto 55% das nossas crianças no 3º ano do Ensino Fundamental (boa parte delas com 9 anos de idade) não sabem ler, contar e escrever adequadamente.

A oferta da educação básica é de responsabilidade direta dos estados e dos municípios. Consequentemente, isso vai exigir do MEC um trabalho em colaboração para o enfrentamento dessas e de outras questões igualmente relevantes, como a continuidade da implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e formação de professores para esse novo currículo.

Ao colocar acertadamente, como disse, a educação básica como prioridade — e, pelo que já li, muito na linha do enfrentamento dos baixos índices de aprendizagem escolar — o ministro Vélez vai precisar de um esforço nacional que inclua as universidades. Como sabemos, a qualidade do professor é o fator mais importante para alavancar a melhora da aprendizagem – e quem forma os professores são as universidades. Se não mudar a formação, não avançaremos.

Adicionalmente, o país precisa trazer a educação do século XXI para as nossas escolas. Não me refiro aqui aos recursos tecnológicos, como internet, banda larga e tablets. No mundo atual, isso representa apenas o ponto de partida, e não de chegada. Refiro-me a uma educação capaz de desenvolver as competências exigidas pelo novo mundo do trabalho, tais como criatividade, pensamento crítico, abertura ao novo, colaboração e comunicação, entre outras. Refiro-me, portanto, à oferta de uma educação plena na própria concepção posta no artigo 205 da Constituição Federal: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Costumo dizer que a educação brasileira é como um espadachim que precisa esgrimir com os dois braços: um deles para resolver questões do passado ainda não resolvidas, como a alfabetização das nossas crianças até os 7 anos de idade; o outro para trazer a educação do século XXI para as nossas escolas. O MEC, os estados e os municípios terão grandes desafios pela frente: precisam agora definir onde vão colocar suas energias para mudar de fato a educação deste país.

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