Dois filhos do presidente Messias Bolsonaro — o deputado Eduardo e o vereador Carlos — entraram na lista de possíveis investigados por crimes digitais nas redes sociais que estão sendo apurados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) desde o mês passado, após um contundente depoimento feito pela deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) aos parlamentares que compõem a comissão. Na condição de ex-líder do governo no Congresso, a deputada diz conhecer bem os meandros do chamado “gabinete do ódio” instalado no Palácio do Planalto e mantido por assessores do governo, comprovadamente subsidiados com recursos públicos. Ela assegura ter evidências de que “esse grupo de propagadores de notícias falsas e difamações” trabalha sob orientação da família presidencial e é integrado pelos assessores especiais da presidência da República Felipe Martins, Tércio Arnaud, José Matheus.

A esse grupo, de acordo com Joice, junta-se a equipe da “Abin paralela” montada pelo vereador Carlos Bolsonaro, cuja “missão é grampear adversários do governo e criar dossiês”, até mesmo contra integrantes do ministério “com os quais os filhos do presidente discordam”, explicou a deputada. Ela citou os casos dos ex-ministros Gustavo Bebianno (secretário-geral da Presidência da República) e do general Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo da Presidência), demitidos por Bolsonaro logo nos primeiros meses de governo — Bebianno em fevereiro e Santos Cruz em junho. Essas informações repassadas pela parlamentar à CPMI já haviam sido antecipadas por Istoé, em entrevista exclusiva dada pela deputada.

Disparo de robôs

Joice Hasselmann acusou diretamente o deputado Eduardo por suas ligações com o grupo. “Eduardo e Carlos pautam o gabinete do ódio”. Outro influenciador da “milícia digital” comandada pelos filhos, segundo ela, é o astrólogo Olavo de Carvalho. Para comprovar as ligações entre eles, a parlamentar pediu à CPMI a apreensão dos computadores dos funcionários públicos. O esquema patrocina, até mesmo, o disparo de robôs. “De maneira legal e comprovável são destinados mensalmente R$ 500 mil de dinheiro público para perseguir desafetos”, disse ela. “Esse grupo massacra opositores por meio de ambientes fechados nas redes sociais, no Instagram e no aplicativo de mensagens Signal”. O depoimento da deputada é apenas um pontapé para que se iniciem investigações mais profundas na Justiça.