As eleições deste ano têm uma peculiaridade em meio ao clima polarizado da campanha presidencial. Uma disputa declarada pelo título de campeão de votos à Câmara dos Deputados ocorre em São Paulo, Rio e Minas. O embate se impôs em 2018, ano em que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) rompeu um recorde que já durava 16 anos e se tornou o deputado federal mais votado da história do Brasil em números absolutos, com 1.843.735 votos.

Agora, sem a onda bolsonarista e com novos competidores de peso, a disputa em São Paulo promete se acirrar com a entrada do ex-presidenciável Guilherme Boulos (PSOL) e a possibilidade de candidatura do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro (União Brasil).

Em 2018, Boulos teve 617 mil votos para presidente e, em 2020, 2,1 milhões de votos no segundo turno para prefeito de São Paulo. Ao desistir de concorrer ao governo paulista, Boulos lançou publicamente o desafio de tirar de Eduardo o posto de mais votado no Estado. Não será fácil. Em 2018, o deputado teve mais de três vezes os votos de todos os deputados do PSOL eleitos em São Paulo.

“Ninguém ganha a eleição de véspera. Até às oito horas da manhã de 2 de outubro, ninguém tem nenhum voto. Então vai ser preciso ralar muito, correr o Estado para conseguir uma votação expressiva e ajudar a eleger uma bancada grande de esquerda no Congresso Nacional”, disse Boulos.

A expectativa de políticos da bancada paulista é de que Moro não terá menos que um milhão de votos. Ele e a mulher, Rosângela, transferiram domicílio eleitoral para São Paulo. Pessoas do entorno do ex-juiz sugerem que ele poderá ser candidato ao Senado. Ao Estadão, ele disse que ainda avalia sua participação e admite até não disputar cargo eletivo neste ano.

No Rio, o mais votado em 2018 foi o subtenente do Exército Hélio Lopes, mais conhecido como Hélio Negão, com 345,2 mil votos. Este ano, porém, o presidente Jair Bolsonaro não o levará a tiracolo em todos os palanques como fez na eleição passada. Bolsonaro considera que Hélio já consegue se eleger sozinho e pretende impulsionar a candidatura do ex-sargento do Bope do Rio Max Guilherme Machado, hoje assessor presidencial.

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Outros dois deputados mais votados de 2018 no Rio disputarão novos cargos: Marcelo Freixo (PSB) tentará o governo, e Alessandro Molon (PSB) deve concorrer ao Senado.

‘PUXADOR’

Ter um deputado eleito com muitos votos aumenta as chances do partido de “puxar” outros candidatos – aumentando assim sua participação dos fundos partidário e eleitoral. O “puxador” contribui para elevar o chamado quociente eleitoral da legenda. Quanto maior este quociente mais deputados um partido pode eleger. A regra de cálculo possui, no entanto, uma trava para que evitar que o “puxador” ajude a eleger candidato com poucos votos, como já ocorreu no passado. Hoje, para ser eleito deputado o candidato precisa de ter no mínimo 10% do total de votos para o cargo no Estado.

“O que está acontecendo no Brasil neste momento é um rearranjo partidário muito grande, talvez o maior dos últimos 30 anos, desde a redemocratização”, disse o analista político e professor da FGV, Sérgio Praça. “Numa situação dessas, se você tem um candidato com potencial alto para atrair votos, é melhor lançar ele para a Câmara. Você não perde nada. Já o Senado, se ele perder, o partido perdeu um puxador de votos que faria diferença.”

Em Minas, a disputa segue indefinida. Os dois campeões de votos em 2018 se preparam para disputar o Senado: o ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (PL) e Reginaldo Lopes (PT). Os dois tiveram 230 mil e 194,3 mil votos em 2018, respectivamente. O terceiro daquele ano foi com André Janones (Avante), hoje pré-candidato à Presidência.

Políticos experientes de Minas dizem que também estão cotados para figurar entre os mais votados políticos jovens e com forte presença nas redes sociais, como o vereador bolsonarista de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PL); e o deputado estadual Cleiton Gontijo de Azevedo, o Cleitinho (Cidadania).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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