Eduardo Bolsonaro manda mensagem a Malafaia após ação da PF: ‘Siga firme’

Eduardo Bolsonaro
Eduardo Bolsonaro Foto: Reprodução/YouTube

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) usou as redes sociais para enviar uma mensagem ao pastor Silas Malafaia após a Polícia Federal cumprir mandado de busca e apreensão contra o religioso no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, na noite de quarta-feira, 20.

Na ação, o pastor teve o celular e passaporte apreendido. Além disso, foram executadas medidas cautelares como a proibição de deixar o País e manter contato com outros investigados.

Malafaia passou a ser investigado após diálogos serem encontrados no celular apreendido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos quais o religioso orienta o ex-mandatário a incentivar manifestações de rua e disparar mensagem por WhatsApp, mesmo estando proibido de usar as redes sociais por ordem do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Por meio de um vídeo divulgado no X, Eduardo Bolsonaro disse: “Então, siga firme e forte, ‘tamo’ junto pastor (sic), o senhor, igual a mim, está preocupado com o Brasil e com os brasileiros, bola para frente, vamos embora”.

Depois, o deputado afirmou que Malafaia não sofreu busca e apreensão “porque tem influência sobre mim. Isso daí é Moraes no final dos tempos, apelando para tentar calar um poderosa e corajosa voz, que chama muita gente para as ruas”.

Decisão de Moraes

Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), corrobora com a tese da PF de que Malafaia seria um dos principais articuladores do plano para coagir ministros da Suprema Corte. O processo investiga a ida do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos Estados Unidos para articular sanções contra o Poder Judiciário. O parlamentar conseguiu costurar a aplicação da lei Magnitsky contra Moraes.

A PF aponta trocas de mensagens entre Bolsonaro e Malafaia em que o pastor envia vídeos e mensagens pressionado pelo avanço do PL da Anistia e medidas contra o STF. No dia 13 de julho, por exemplo, o religioso teria instruído o ex-presidente a condicionar a suspensão da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao projeto que derrubaria a condenação dos acusados pelos ataques de 8 de janeiro, incluindo Bolsonaro.

Silas Malafaia prestou depoimento por cerca de duas horas na sede da PF no aeroporto. Na saída, o pastor criticou efusivamente a operação, disse ser amigo de Bolsonaro e afirmou não ser “bandido” para ter o passaporte apreendido.

Além do mandado de busca e apreensão, Malafaia teve o passaporte e o celular pessoal apreendido. Ele também está proibido de se comunicar com Bolsonaro e com os demais réus nos inquéritos que tratam da trama golpista seja diretamente ou por meio de terceiros. Moraes ainda determinou a quebra dos sigilos telefônico, fiscal e bancário do pastor.

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no inquérito que investiga obstrução de Justiça no inquérito que apura o plano de golpe de Estado. Ambos foram indiciados por coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O inquérito investiga a ida de Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos para articular medidas contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Jair Bolsonaro entrou no processo após financiar a ida do filho para o exterior.

Para a PF, Bolsonaro atuou junto a Eduardo e do jornalista Paulo Figueiredo para pressionar o STF no processo que apura a tentativa de golpe. Além deles, o pastor Silas Malafaia também é colocado como o articulador da pressão. Malafaia foi alvo de uma operação de busca e apreensão na noite desta quarta-feira, 20.

O relatório também aponta que o ex-presidente deu aval e suporte para as ações de seus aliados, como a divulgação de vídeos e mensagens em inglês para chegar às autoridades americanas. Entre os documentos citados, está uma mensagem com pedido de anistia “total e irrestrita”.

Os investigadores também citaram os repasses feitos por Bolsonaro a Eduardo no começo do ano. Entre janeiro e maio, o ex-chefe do Planalto teria enviado R$ 111 mil em repasses fracionados. No dia 13 de maio, Jair Bolsonaro depositou R$ 2 milhões na conta do deputado federal. O depósito foi confirmado por ele em depoimento à PF.