Eduardo Bolsonaro preside na Câmara dos Deputados a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Já se vendo embaixador do Brasil nos EUA, uma vez que foi indicado por seu pai (espera-se que o Senado ponha fim a essa festa do nepotismo), ele organizou um evento intitulado “Desafios à Defesa Nacional e o papel das Forças Armadas”. Mostrou verniz ao citar Frederico II (foi rei da Prússia): “Diplomacia sem armas é como música sem instrumentos”. Só por aí já dá para imaginar como pensa o postulante ao cargo de embaixador. Frederico II envolveu-se em três guerras e, se seguisse os desejos de seu pai, teria se envolvido em mil. A Prússia era governada sob um regime autocrático e burocrático no mais puro estilo militar. Tal totalitarismo determinava que a liberdade de cada indivíduo resumia-se apenas a cumprir as ordens do Estado, sem questioná-las. Eduardo Bolsonaro poderia ter citado figuras mais adequadas, não fosse também ele deslumbrado por armas. Deveria ter lembrado do patrono das relações exteriores brasileiras, patrono do Itamaraty, Alexandre de Gusmão (irmão do padre-voador Bartolomeu de Gusmão). Valendo-se apenas de cultura e argumentos, deve-se a Alexandre de Gusmão a assinatura do Tratado de Madrid (1750), que triplicou a área do território nacional. Se o Brasil é hoje definido como um país continental, é graças ao talento diplomático de Alexandre. Que era totalmente contrário ao uso da força.