O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL/SP) classificou como lamentável e injustificável a atitude do deputado estadual Douglas Garcia (Republicano/SP) que discutiu com a jornalista Vera Magalhães após o debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, na madrugada desta quarta-feira (14). Na ocasião, o parlamentar hostilizou Vera e a chamou de “vergonha do jornalismo”.

Nas redes sociais, o filho de presidente Jair Bolsonaro afirmou que “não há justificativa para provocar uma jornalista e tentar constrangê-la gratuitamente no seu local de trabalho, sem que ela tenha dado qualquer motivo para isso”.

Eduardo destacou ainda que parlamentares eleitos não podem “agir como se estivéssemos na internet”. “Nossas atitudes têm consequências para os nossos aliados e para nossos eleitores”, escreveu.

“Ninguém constrói nada sozinho na política e essas atitudes inconsequentes visando os holofotes e a auto-promoção, além de erradas em si mesmas, podem pôr a perder um trabalho de meses, reforçar estereótipos e trazer prejuízos para todo um grupo político. Neste caso, a direita”, afirmou o deputado.

Em resposta a Eduardo, o também deputado federal André Janones (Avante/MG) ironizou o posicionamento do filho do presidente.

“Agressor de mulheres, misóginos e machistas defendendo uma mulher? O que a vontade de ganhar uma eleição não faz hein bananinha? É a primeira vez que me alegro em ver ‘o poste mijando no cachorro’, e ‘a banana comendo o macaco’. Sem trocadilhos por favor!”, escreveu.

Entenda a discussão entre Douglas Garcia e Vera Magalhães

O deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos/SP) discutiu com a jornalista Vera Magalhães após o encerramento do debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, na madrugada desta quarta-feira (14). Ao questionar o contrato da profissional com a Fundação Padre Anchieta, o parlamentar hostilizou Vera e a chamou de “vergonha do jornalismo”, mesma frase usada pelo presidente Jair Bolsonaro para atacar a profissional no primeiro debate presidencial.

“Eu estava sentada na primeira fileira vendo meu celular. Vou registrar um boletim de ocorrência de ameaça contra o deputado Douglas Garcia, do PL. Há centenas de testemunhas. Usou o convite no estafe de Tarcisio Freitas no debate apenas para vir mentir e me acossar e ameaçar”, escreveu a jornalista no Twitter.

Nas redes sociais, circulam vídeos de Douglas indo de encontro a Vera chamando de “vergonha do jornalismo” e afirmando que ela recebe salário de 500 mil reais.

Há dois anos, o parlamentar teve acesso ao contrato da jornalista e passou a afirmar que a profissional recebe “meio milhão de reais por ano” do governo de São Paulo. O contrato de Vera Magalhães já foi compartilhado por ela mesma nas redes sociais.

A jornalista recebe cerca de R$ 200 mil por ano. Os recursos da instituição têm origem na Lei Orçamentária Anual (LOA), que é aprovada pelos deputados da Assembleia Legislativa. Em 2020, a fundação chegou a emitir uma nota esclarecendo que apesar de receber recursos do governo, o salário da jornalista era pago por meio de anúncios veiculados na emissora.

“Esse tipo de postura vinda de um parlamentar é inaceitável, intolerável na democracia. Não será um truculento, nem dois, que irão me intimidar a continuar fazendo meu trabalho. O deputado tem o meu contrato, porque o requereu. Mente reiteradamente. Agride mulher. Não vai me calar”, disse a apresentadora do Roda Viva.

Em outro vídeo, é possível ver Leão Serva, apresentador do debate e diretor de jornalismo da TV Cultura, pegando o celular do parlamentar e arremessando longe antes de proferir ofensas.

Na manhã desta quarta-feira (14), o deputado estadual postou um vídeo comentando a confusão. “Não me arrependo de absolutamente nada do que eu fiz hoje. Se é para eu pedir desculpas para alguém, não é para jornalista nenhum”, disse na gravação.

O deputado afirmou ainda que registrou um boletim de ocorrência contra a jornalista por calúnia e difamação, após ela ter usado o termo “agressão” para se referir à abordagem do parlamentar.