O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e outras parlamentares usaram as redes sociais para defender o policial militar e youtuber Gabriel Monteiro, que teve o porte de arma suspenso e enfrenta um processo administrativo disciplinar na corporação no Rio de Janeiro.

Pelo Twitter, o filho do presidente Jair Bolsonaro afirmou que “não conhece Gabriel”, mas que “retirar seu porte é quase uma sentença morte”.

“Não conheço Gabriel Monteiro mas pelo que vejo no YouTube, parece que faz um bom trabalho. Sou a favor do porte de todo cidadão de bem e a necessidade fica mais notória ainda quando se trata de um policial ameaçado de morte pelo crime organizado. Retirar seu porte é quase uma sentença morte”, escreveu o parlamentar.

Gabriel respondeu a mensagem e afirmou que espera conhecer o deputado um dia. O soldado comentou ainda que ‘cometeu um equívoco ao gravar um vídeo no qual descrevia o senador Flávio Bolsonaro (sem partido), irmão de Eduardo, como uma figura “atrelada ao petismo e à corrupção. Não declaradamente, mas por suas atitudes”.

Os deputados e ex-militares Coronel Tadeu (PSL-SP) e Capitão Derrite (PP-SP) também se solidarizaram com Monteiro. Em uma transmissão ao vivo, Derrite disse que iria disponibilizar o trabalho de seus assessores jurídicos para o caso.

Gabriel trabalha na segurança do deputado estadual Felippe Poubel (DEM-RJ), que também apoio o soldado. “Quero deixar claro ao nosso público que todas as medidas de defesa ao Gabriel Monteiro, meu irmão de batalha, estão sendo avaliadas. Nunca abandonamos soldado em batalha! Estaremos juntos sempre!”, escreveu no Twitter.

Entenda o caso

Gabriel Luz Monteiro de Oliveira foi afastado das ruas, após se envolver em polêmica com o ex-comandante-geral da polícia Ibis Silva Pereira. A retirada dos direitos do soldado foram publicadas no boletim interno da polícia na última quarta-feira (4).

Cumprindo função na Diretoria Geral de Pessoal (GGP), Monteiro também é integrante do Movimento Brasil Livre (MBL). O soldado foi alvo de um sindicância da corporação por tratar o coronel Ibis “de forma desrespeitosa, em pelo menos duas ocasiões”, no local de trabalho dele, “oficial superior da reserva remunerada”, tendo inclusive filmado-o “sem autorização”, segundo o portal O Dia.

Conforme consta no processo, Gabriel teria se passado por estudante para conversar com o ex-comandante na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), local onde o policial reformado trabalha. Ao atender o soldado, Ibis percebeu que Gabriel pretendia gravar uma vídeo para o seu canal, no qual ele questionou algumas ações do coronel.

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Após a perda do porte e da funcional, Gabriel gravou mais um vídeo nesta quarta para comentar a decisão da corporação. Além disso, o soldado também usou o Twitter para questionar o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC-RJ).

“Por causa do meu questionamento, eu perco, no dia de hoje, o porte de armas, eu perco minhas funções externas na Polícia Militar, estou largado”, lamenta Gabriel.

O que dizem o ex-comandante e a PM?

Procurado pelo DIA sobre a decisão da PM, o coronel Ibis disse que questões internas das corporações militares não devem ser comentadas publicamente por seus agentes. O ex-comante, no entanto, reforçou que “de qualquer maneira, um policial que acusa o outro sem fundamento e materialidade, joga contra a memória e honra da corporação. Trata-se de uma ação leviana, descomprometida com o bem da instituição, em busca de holofotes em um ano eleitoral”.

“Nesses 33 anos de Polícia Militar, eu honrei a farda e aprendi que a corporação é um importante elemento de coesão social. Um policial precisa ser, acima de tudo, alguém que cuida da lei e da sociedade, não que a transgride para fins de projeção pessoal. O que torna essa profissão incompatível com qualquer tipo de desrespeito com relação ao outro. Acredito que o diálogo é um elemento fundamental para aproximar as pessoas. Nunca me neguei a dialogar na esfera pública de forma democrática e civilizada, como um bom policial deve fazer”, o coronel acrescentou.

Já a PM afirmou que “o referido soldado responde à Comissão de Revisão Disciplinar procedimento interno previsto para avaliar conduta dos integrantes da corporação”.

“A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, como as demais instituições militares do país, tem como pilares os princípios da hierarquia e disciplina. Vale ressaltar que o rito do procedimento prevê a ampla defesa e o contraditório quanto às imputações de transgressões disciplinares nele contidas. Todas as garantias constitucionais são asseguradas aos integrantes da corporação, oficiais ou praças”, a Polícia Militar acrescentou, em nota.